Duas advogadas, de 32 e 39 anos, foram detidas nesta sexta-feira (23) por suspeita de envolvimento com organizações criminosas que atuam no tráfico de drogas no Espírito Santo e em Minas Gerais. Uma delas foi presa em Jardim da Penha, em Vitória, e a outra em Vista da Serra, no município da Serra.

A ação é uma junção da Operação Vade Mecum, da Delegacia Especializada de Narcóticos (Denarc) Guarapari, e da Operação Marcos 4:22, da 4ª Delegacia de Polícia Civil de Muriaé, em Minas.

De acordo com as investigações, as advogadas trocavam mensagens e informações com uma organização criminosa que levava drogas do estado do Paraná para São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo.

"Para trazer a droga do Paraná, eles utilizavam batedores. Vinham dois ocupantes no veículo batedor e um terceiro integrante da organização vinha conduzindo o veículo com grande quantidade de droga, logo atrás", explicou o delegado Romulo Segantini, da regional de Divino (MG).

Outros dois membros da organização estão foragidos. Entre eles, outra advogada, que, de acordo com a polícia, está em Portugal.

"Vamos levar ao conhecimento do poder judiciário essa situação, para que o nome dela possa ser incluído na lista da Interpol para viabilizar a localização dela onde quer que ela esteja", apontou o delegado.

 

 

Vade Mecum

 

A Operação Vade Mecum começou em setembro deste ano com o objetivo de prender suspeitos de tráfico de drogas, associação para o tráfico e corrupção ativa.

Após meses de investigação, a polícia identificou membros de uma organização criminosa empenhada em traficar drogas para internos do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarapari, aliciando servidores públicos e advogados mediante pagamento de propina.

Naquela época, duas advogadas também foram detidas. Há dez dias, um inspetor penitenciário foi preso suspeito de integrar a organização.

Ele era servidor do Centro de Detenção Provisória (CDP) II de Viana e, segundo a polícia, chegou a solicitar uma propina no valor de R$ 5 mil para fornecer celulares aos detentos.

"O que essa investigação veio revelar é que a mesma categoria de profissionais que se dedica ao transporte de drogas até as unidades prisionais também se dedicava à transmissão dos recados entre membros da organização, o que viabiliza o poder das organizações criminosas. Quando o sistema prisional é forte ao ponto de impedir a entrada de celular, a única alternativa que sobra é cooptar advogados, que são os únicos que podem ingressar em unidades prisionais a qualquer hora do dia ou da noite sem revista", explicou o delegado titular Denarc de Guarapari, Guilherme Eugênio, nesta sexta-feira.

Agente penitenciário é suspeito de facilitar entrada de drogas e celulares nos presídios