"Não estou vendo gestão”, ironizou o ex-ministro da Saúde e ex-deputado federal Luiz Henrique Mandetta, ao ser perguntado sobre sua opinião sobre a pasta, comandada interinamente pelo general Eduardo Pazuello. O militar substituiu o oncologista Nelson Teich, segundo ministro a cair durante a pandemia do novo coronavírus.

“Só vi um protocolo de uso de cloroquina, feito por determinação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e colocado no Diário Oficial, e vi que mudaram a apresentação dos dados, que começaram a esconder os óbitos”, criticou Mandetta, referindo-se à tentativa de valorizar o número de recuperados da Covid-19, e não o de suas vítimas.

Desde o fim de abril, a pedido do ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, o Ministério da Saúde resolveu dar enfoque no que chamou de Placar da Vida, com dados sobre pacientes recuperados, e omite o número de mortos dos posts em redes sociais.

Sobre o protocolo, que, segundo ele, é motivo de “chacota” no Brasil e no mundo, o ex-ministro cobrou manifestação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que já emitiu nota técnica alertando para os resultados “inconclusivos” da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19 e na qual registrava que não recomendava o uso. Perguntado sobre os termos do documento, alfinetou: “Com a palavra, a Anvisa”.

Até a semana passada, o medicamento passou a ser recomendado não só para pacientes em estado grave mas também para quem apresenta sintomas leves.


Nesta terça-feira (26), Mandetta foi, por decisão da Comissão de Ética da Presidência da República, colocado em quarentena remunerada de seis meses, sendo impedido de assumir cargos na iniciativa privada por ter tido acesso a “informações estratégicas” enquanto ministro da Saúde.