Na manhã desta quinta-feira (8/7), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deu abertura a interpretações de racismo e preconceito ao falar com um apoiador de cabelos crespos. Durante a conversa com simpatizantes na saída do Palácio do Alvorada, o mandatário apontou para um homem que integrava o grupo e fez um comentário.

“Como é que está a criação de barata aí? Olha o criador de barata aqui”, debocha, aos risos, Bolsonaro. Um outro homem que estava perto, chama a atenção do presidente, dizendo que é uma afirmação que pode dar “em processo”.

O rapaz, por sua vez, defendeu o direito de Bolsonaro de fazer “brincadeiras” do tipo.

Veja o momento:

“Você não pode tomar [há um corte no áudio] que vai matar todos os seus piolhos”, continua Bolsonaro. No trecho do vídeo que é cortado pelo canal que gravou e divulgou o momento, palavra parece ser “ivermectina”. O medicamento serve para combater infestações por parasitas, como o piolho.

Em seguida, o homem vítima dos ataques pede que as pessoas relevem os ataques do chefe do Executivo, porque segundo ele, Bolsonaro só o faz porque tem “intimidade” com ele.

“Até porque o senhor tem intimidade, só pra frisar que o presidente tem essa intimidade para brincar, da mesma maneira que dá liberdade para o pessoal brincar. Dizer que eu não sou um negro vitimista e que tudo que eu conquistei foi fruto de trabalho e meritocracia. Nada me difere de uma pessoa branca, como eles quer separar”, justifica.

“Brincadeira” recorrente

Em maio, Bolsonaro fez o mesmo comentário, envolvendo baratas, acerca de um cabelo crespo. Em 2019, Bolsonaro foi condenado a pagar R$ 150 mil por danos morais coletivos devido a uma frase de cunho racista proferida no extinto programa CQC, da TV Bandeirantes, em março de 2011.

Na ocasião, após uma pergunta da cantora Preta Gil, que questionou qual seria a reação de Bolsonaro caso um de seus filhos de apaixonasse por uma mulher negra, o mandatário disparou: “Eu não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados e não viveram em um ambiente como, lamentavelmente, é o seu”.