O empresário Caio Donatelli, dona da empresa Multiface Serviços e Produção Ltda, nega que sua empresa esteja envolvido em esquema de moeda de troca ou de esquema ilícito na promoção de carnaval de Porto Seguro (BA) e no serviço de poda de área verde em São Mateus (ES).

Ele rebate a matéria da FOLHA DO ES, que mesmo não citando o nome dele ou da empresa na matéria original, se sentiu no direito de repudiar a a notícia e desqualificar denunciantes de Porto Seguro, confessando entretanto ser protagonista da origem dos escândalos. A empresa foi alvo da CPI de São Mateus em 2018 e o relatório se encontra no MP.

"As declarações do radialista de Porto Seguro são caluniosas é difamatórias sem nenhuma prova. Todos os contratos que a empresa possui com órgãos públicos são através de processos licitatórios dentro da legalidade", rebate Caio Donatelli, acrescentando que está processando os radialistas denunciantes da cidade baiana.

Em sua defesa, o proprietário da Multiface disse: A empresa não tem nada a ver com carnaval de São Mateus. Quanto à câmara municipal de Linhares, nunca prestamos serviços de “servir cafezinho”, fomos contratados para organização e realização da sessão solene da mesma forma que também fomos contratados pela câmara municipal de São Mateus para realizar a sessão solene deles. Pergunte ao atual vice presidente que é o Carlos Alberto Gomes se a empresa Multiface já prestou serviços para a câmara municipal de São Mateus?", desafia.

O esclarecimento do representante legal da Multiface entra em contradição no mérito da denúncia veiculada pela FOLHA por detalhes. Exemplo: Caio Donatelli diz que não foi contrato em Porto Seguro 24 horas antes de acontecer o carnaval, mas sim 1 (uma) semana anterior, o que não ameniza no quesito tempo, muito exiquo para a preparação do evento daquele tamanho.

Sobre São Mateus não nega que tem contrato com a Prefeitura local de poda de árvores, demonstrando que a Multiface tem qualificação em serviços extremos, de preparação de eventos solenes, poda de árvores e organização de carnaval, segundo seu representante legal, sem intermediários, dentro da legalidade.

A Multiface, com essa resposta, pelo seu proprietário, não dirime as dúvidas sobre os contratos firmados pela Câmara de Linhares, Prefeitura de São Mateus e Prefeitura de Porto Seguro. Ainda que não existam ações judiciais em curso, foi alvo da CPI de São Mateus, cujo relatório foi encaminhado ao Ministério Público. 

Caio Donatelli diz esperar reparação da FOLHA e retratação por se tratar de "pessoas ilibadas". O portal de notícias, 25 anos no mercado de jornalismo, não vê motivos para atender essa exigência pela confissão do próprio proponente da sua atuação nas prefeituras citadas na matéria de origem, envolvendo quase R$ 3 milhões em poda em São Mateus e quase R$ 4 milhões em Porto Seguro, com indícios de possíveis irregularidades no que se chama "moeda de troca" entre as duas Prefeituras, com aquiescência dos prefeitos respectivos das duas cidades.

PARTE DO RELATÓRIO QUE DEU ORIGEM À CPI CONTRA A MULTIFACE EM SÃO MATEUS-ES

Já para os serviços de Áreas verdes, foi contratada em presa Multiface também com documentos supostamente falsos. Em 19 de setembro de 2017, houve abertura de licitação na modalidade pregão presencial n° 17/2017para contratação de empresa para prestação de serviços de áreas verdes no município de São Mateus, e durante a abertura da licitação, houve questionamento por parte de outros licitantes que os documentos de atestados registrados no CREA e apresentados pela empresa Multiface ganhadora do certame, não seriam verdadeiros e sim falsos e forjados para participar da licitação, a empresa apresentou atestado de capacidade técnica originado do contrato n° 004/2016 de serviços prestados no campo de futebol do time do Linhares Futebol Club LTDA – ME com as CAT,s (Certidão de Acervo Técnico) n° 1108/2016 em nome do engenheiro eletricista Torrieri Nogueira da Silva, CREA-ES n° 038662/d e CAT n° 1109/2016 em nome do engenheiro agrônomo Tony Faria Baldi CREA-ES n° 013538, ambos firmado entre a empresa Multiface Serviços e o Linhares Futebol Clube.

 

Diante do impasse a pregoeira encaminhou os documentos para a Secretaria de Obras, e em 29 de setembro de 2017, o Secretário encaminhou para fazer uma diligência no local onde os serviços diziam ter sido feitos. O Subsecretário de Obras Eduardo Soares e a coordenadora de projetos Izadora Lírio Gonçalves, encaminharam um relatório de averiguação relatando que em análise visual tinha alguns serviços parciais feitos e que o proprietário da Multiface garantiu que os serviços teriam sido executados e o documento era verdadeiro – uma subsetividade total, por imperícia ou conluio dos mesmo, constataram que o atestado atendia, porém, como se tratava de documentos chancelado pelo CREA-ES como tinham dúvida na veracidade dos documentos, informaram ao Secretário de Obras que o questionamento deveria ser dirigido diretamente ao CREA para apurar os fatos.

O questionamento foi enviado ao CREA, porém, sem aguardar a resposta do mesmo, a prefeitura contratou e homologou no dia 04/10/2017 o contrato no valor de R$ 2.840.000,00 com a empresa Multiface Serviços e Produções Ltda.

No dia 10 de outubro de 2017, quatro dias após a contratação, o CREA, fez diligência no campo de futebol do Linhares futebol Clube e constatou que os serviços não tinham sido prestados e encaminhou Oficio n° 1010217-2 à Prefeitura informando que os documentos da empresa relacionados ao processo foram suspensos para averiguação nas câmaras de engenharia do órgão.

O CREA comunicou a prefeitura de São Mateus a suspensão das Certidões de Acervo Técnico no dia 10 de outubro de 2017.

 

No dia 06 de dezembro de 2017 a câmara especializada em engenharia do CREA-ES deliberou pela suspensão definitiva da documentação da empresa por se tratar de documentação falsificada, e no dia 07 do mesmo mês, oficializou o encaminhamento, porém, o prefeito Daniel determinou que a empresa continuasse contratada.

Segundo o responsável do CREA, o engenheiro elétrico Ernani de Castro Gama, após a averiguação in loco, constatou que o documento foi forjado, falsificado para atender a contratação, deverá ser investigado por falsidade ideológica por parte das empresas envolvidas e dos responsáveis técnicos e será denunciado a Policia Federal, também os responsáveis técnicos da empresa envolvidos, responderão sansão disciplinar junto ao Conselho.

 

*A máfia nas prefeituras do ES e outros Estados estão sempre acobertados pelo processo licitatório, principalmente no formato de ata de registro pelo menor preço nas áreas de eventos, terceirizações na Educação, Saúde e prestação de serviços em que os proprietários conhecem uns aos outros para loteamento loteamento dos contratos.