Nos bastidores, a estratégia da Senadora é fazer o primo e assessor Ricardo Saiter levar a fama de culpado e ser condenado no STF. Rose de Freitas e o irmão, Edward Dickinson de Freitas, sairiam como os inocentes que foram usados por Saiter.

Ambos (irmão e primo-assessor) foram presos na Operação Corsário, que apura atos de corrupção na CODESA por parte de uma organização criminosa, responsável por desviar mais de R$ 9 milhões de reais em contratos públicos do Porto de Vitória.

A expressão "organização criminosa tendo Rose de Freitas como chefe" foi utilizada pela Procuradoria Geral da República (PGR). 

Os contratos superfaturados eram de locação de veículos. A propina era lavada com a compra de imóveis de luxo, pagamento de despesas pessoais e por meio de um escritório de advocacia que simulava prestação de serviço. Modelo consultorias da Operação Lava Jato.

As ordens de prisão e busca e apreensão foram cumpridas pela Polícia Federal por ordem do Ministro do STF Kássio Nunes Marques, que preside o inquérito pelo fato de um dos alvos ser senador da república (Rose). 

O ministro também bloqueou bens móveis e imóveis, contas, veículos, empresas e valores em nome dos envolvidos, inclusive de Rose de Freitas, que foi alvo de busca e apreensão em sua residência e escritório no dia das prisões do irmão do primo-assessor.

É a primeira vez na história do Espírito Santo que um Senador da República é alvo de busca e apreensão em uma operação policial de combate à corrupção.

Os autos do inquérito em poder do Ministro do STF, contudo, dificultam muito a estratégia de Rose em fazer o primo-assessor ser condenado para livrar a própria cara e do irmão.

Isso porque há escutas ambientais que gravaram conversas de ambos pedindo, em nome da Senadora, dinheiro a empresários que detinham interesses e contratos na CODESA. As provas são incontroversas.

A investigação também interceptou e-mails trocados entre a Senadora com Edward (irmão), Ricardo Saiter (primo), em que suas despesas pessoais eram pagas por eles com esse dinheiro arrecadado.

Entre as despesas pessoais, a PF comprovou gastos com cartão de crédito, boletos com compra de três imóveis de alto valor, aluguel de imóvel da filha no Rio de Janeiro, dentre outros.  

Chamou a atenção dos investigadores um boleto da Senadora pago por ambos no valor de R$ 300 mil reais, referente à compra de um apartamento de luxo em bairro nobre do Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca. O e-mail foi interceptado com autorização judicial.

O Jornal o GLOBO teve acesso ao inquérito sigiloso, cujo conteúdo é escandaloso:



 



 


Há também mensagens eletrônicas da assessora de seu gabinete em Brasília, Suzi Raquel Barbosa Rodrigues, alvo da Operação, organizando o pagamento das despesas pessoais de Rose e sua planilha de gastos, que superam em muito o salário da senadora. 

Rose gasta por mês quase R$ 70mil reais, sem contar os boletos de compra dos imóveis de luxo. Os e-mails da assessora eram trocados com ela, seu irmão Edward Dickinson e o primo-assessor Ricardo Saiter.

Ela culpa o primo como vilão da história. Essa é a narrativa dela por onde passa.

 


Além da recente operação Corsário da PF, a senadora Rose de Freitas é investigada por ser alvo de duas delações, uma do doleiro Lúcio Funaro e outra do ex-Governador do Rio Sérgio Cabral.

Na primeira, Rose é acusada de negociar cargos e propina com Eduardo Cunha. Na segunda, é investigada por engavetar requerimentos do então Deputado Federal Anthony Garotinho sobre os esquemas de corrupção da gestão de Cabral, quando ela era Vice-Presidente da Câmara dos Deputados. 

Garotinho, usando sua prerrogativa parlamentar de solicitar documentos a qualquer órgão do país, pediu informações sobre as dezenas de viagens do então Governador do Rio com o helicóptero oficial para fins particulares, inclusive fazendo deslocamentos apenas para levar seu cachorro até sua mansão em Mangaratiba. O fato virou piada nacional. 

Rose, no entanto, engavetou e arquivos todos esses requerimentos, já que a Vice-Presidência é o órgão ao qual cabe cumprir essa prerrogativa parlamentar.

Em troca, ela teria recebido R$ 700 mil em propinas e sua filha outros R$ 1 milhão, em um escritório que fica em um Shopping de Vitória, segundo os delatores.



Relembre a ficha corrida de Rose de Freitas:

- Doleiro afirma que senadora Rose de Freitas recebeu propina de Eduardo

- Delator diz que Rose de Freitas tratou de propina e cargos com Cunha

- Operador de Cabral, Carlos Miranda cita propina para senadores e deputados federais

- Rose de Freitas é citada em delação contra Sérgio Cabral


 

A FOLHA vai entrar com petições semanais junto ao Ministro do STF e PGR para agilizar o desfecho do inquérito e da denúncia criminal na Operação corsários, que investiga uma organização criminosa chefiada por Rose de Freitas, repetindo as palavras dos próprios investigadores. O jornal vai levar fatos novos.

 

E também vai denunciá-la ao Ministério Público Federal do ES por improbidade administrativa na CODESA e também ao Conselho de Ética do Senado pedindo a cassação de seu mandato. 

O Superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo Eugênio Ricas também será acionado pelo jornal com base nos fatos novos descobertos pela imprensa investigativa.

Veja fotos da Operação prendendo o irmão e o primo-assessor da Senadora:


Primo da Rose preso

 
Irmão da Rose preso