A Polícia Federal abriu inquérito policial sigiloso para apurar corrupção ativa e passiva da empresa 7Lan com agentes públicos. Seu dono, Emerson Silva 
de Oliveira, suposto articulador dos pagamentos, também é investigado. 

A Folha teve acesso à investigação conduzida pelo delegado federal Rodrigo Lúcio da Silva Passos, por meio de fontes protegidas por sigilo constitucional. Veja o objeto, os alvos e os crimes investigados:

 


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Esse inquérito corre na Polícia Federal de Minas Gerais e envolve um contrato de R$ 25 milhões de reais na Universidade Federal de Juiz de Fora. São apurados os crimes dos artigos 312 e 317 do Código Penal (corrupção ativa, corrupção passiva e peculato), como apontado acima nos documentos sigilosos vazados.

Ocorre que o inquérito policial está se irradiando para o Espírito Santo com a descoberta de um suposto modus operandi da 7LAN e de seu proprietário Emerson Silva na relação com agentes políticos para obtenção de contratos públicos.

A empresa patrocinou o clube Rio Branco por muito tempo, na gestão de Maurício Duque, então Secretário de Fazenda da Prefeitura de Vitória (PMV), onde a 7LAN tinha contratos. 

Suspeita-se que por via desse patrocínio, a empresa fazia os pagamentos de vantagens indevidas usando esse canal. 

Não se sabe se somente para o Espírito Santo ou para outros locais, já que o formato de patrocínio permite um fluxo mais robusto de dinheiro em espécie, abaixo do radar, através da conta do clube de futebol.

Maurício Duque saiu do BANDES após a instauração do inquérito policial, conforme observaram as fontes sigilosas do jornal. 

Quando o atual Secretário de Desenvolvimento e Tecnologia do Governo Estadual Tyago Hoffmann assumiu a Secretaria de Trânsito da PMV, a 7LAN ganhou o contrato da Linha Verde, sendo tratada a pão de ló, de forma muito benéfica. 

Prova desse tratamento privilegiado e não republicano por Hoffmann é que a gestão de Lorenzo Pazolini fez acusações graves contra a empresa, ao encerrar o projeto da Linha Verde em Vitória.

 

Segundo relatório do Secretário de Trânsito Alex Mariano, a 7LAN causou um prejuízo de cerca de R$ 1 milhão de reais, recebendo por serviços de videomonitoramento não prestados na Linha Verde.

A Prefeitura de Vitória pagou esse valor pela instalação de câmeras que nunca funcionaram. O pagamento se deu com autorização do então Secretário de Trânsito Tyago Hoffmann. 

Isso significa que houve enriquecimento ilícito do proprietário da empresa, Emerson da Silva de Oliveira: colocou R$ 1 milhão no bolso por um serviço que sua empresa nunca prestou. 

Como isso ocorreu sem que fossem tomadas medidas de ressarcimento, glosa em futuros pagamentos ou obrigação de prestar o serviço? Por qual motivo não houve punições? 

Qual o interesse do então Secretário Tyago Hoffmann em ser tão benevolente e se omitir em sua obrigação de fiscalizar o contrato de sua pasta? Isso não é crime de prevaricação e improbidade administrativa?

O inquérito da Polícia Federal de Minas Gerais apimenta todo esse contexto suspeito em torno da empresa. Ao apurar pagamentos de propina da 7LAN para agentes políticos, descortina-se um suposto modus operandi da empresa para ganhar licitações e executar contratos de forma irregular. 

Para receber R$ 1 milhão de reais da PMV no projeto da Linha Verde  sem ter prestado o serviço e sem ser importunada ou penalizada, difícil não suspeitar de que alguém estava levando vantagem indevida. 

O relatório do atual Secretário de Trânsito da PMV Alex Mariano apontando esse desvio de dinheiro aguarda as medidas da Controladoria e da Procuradoria Geral do Município. O Prefeito já mandou apurar, mas a situação ainda segue sem desfecho.  

O secretário de Segurança Urbana da PMV, o delegado Ícaro Ruginski, que controla outro contrato da 7LAN, mostra timidez em enfrentar a empresa. Ao contrário do Secretário de Trânsito Alex Mariano, o Secretário Ícaro não adotou nenhuma medida de auditoria, mesmo sabendo do desvio de R$ 1 milhão de reais do projeto da Linha Verde.

Agora, com a investigação da PF avançando para terras capixabas, Ícaro Ruginski pode se antecipar e proteger a PMV de empresas e práticas como as que ocorreram na Linha Verde. Ele é delegado e pode usar sua expediência para isso.

A FOLHA vai levar esses fatos ao conhecimento do Delegado Federal que preside o inquérito sigiloso na PF de Minas Gerais, Rodrigo Lúcio da Silva Passos, citado acima.

 

Na próxima reportagem, o jornal vai revelar como empresas de mãe e filho participam da mesma licitação, em conluio, usando a prática de cobertura, inclusive na PMV, para a 7LAN sair vencedora.