Na cerimônia realizada nesta quinta-feira (13) no Palácio Anchieta, o governador Renato Casagrande (PSB) usou do espaço público para desferir indiretas aos adversários políticos. O evento ocorrido no Salão São Tiago apresentou o polêmico projeto do programa ”Cerco Inteligente” contratado pelo Detran-ES por R$ 139 milhões. O serviço de vídeo monitoramento das rodovias estaduais será oferecido pela empresa chinesa Dahua Technology, acusada de fraudar e oferecer propina de R$ 40 milhões para ganhar o processo.

Falando para uma plateia de aliados políticos e principalmente de servidores comissionados, Casagrande por ilação culpou adversários e empresas concorrentes por ”interesses escusos” nos embargos do processo licitatório do ”Cerco Inteligente”.

Teve opositores políticos com interesse no processo. Claramente algumas pessoas com interesses empresariais, pessoas que não querem que a gente tenha um instrumento para trabalhar com mais eficácia, tentaram nos impedir de colocar para funcionar, mas nós conseguimos.”

Ele não revelou quais adversários e os supostos interesses que teriam para impedir o funcionamento do programa. E não mencionou em seu discurso a série de indícios que corroboram para possível fraude na licitação. Induzindo para opinião pública como subterfúgio e tentando minimizar que é vítima de mera picuinha política e disputa comercial. Transformando descaradamente um escândalo milionário com fortes suspeitas de crimes em narrativa de intriga da oposição.

Embora seja notório o viés dissimula no pronunciamento do governador, parte da imprensa ignorou as evidências e divulgou o engodo aos capixabas como a legítima e verdadeira versão sobre o caso. Na intenção prática de ”varrer a poeira para baixo do tapete”.

Entenda o caso

O jornal FOLHAES recebeu por Correio uma petição de encaminhamento e um pen drive, com suposta prova eletrônica do direcionamento da licitação na ordem de R$ 139 milhões do ”Cerco Inteligente” realizada pelo Detran-ES. O contrato previa a aquisição de um sistema de vídeo monitoramento, com 1.160 câmeras que fariam vigilância das rodovias estaduais.

Os arquivos de mais de 1GB vazaram em um pen drive de dentro da empresa Dahua. As fontes denunciantes são da área comercial da própria empresa chinesa.

Com as provas, o FOLHAES, iniciou a jornada reveladora indicando em matéria jornalística dias antes da licitação o nome da empresa vencedora do contrato. E acerta na mosca! Daí em diante, traz a público o passa a passo do esquema montado pela empresa com a participação de agentes políticos.

No pen drive é apontando o envolvimento da alta cúpula do governo estadual, incluindo o governador Renato Casagrande, com a empresa beneficiada.

A empresa montou todo o processo licitatório e direcionou para que a concorrência foi eliminada. Desta forma, os membros do governo envolvidos receberiam R$ 40 milhões de propina para validar os documentos forjados.

Os links a seguir trazem todo enredo da trama que pode ser o maior esquema de corrupção em um único contrato no Espírito Santo.


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