Através de milícia digital de veículos financiados pelo governador Renato Casagrande (PSB), a vice-governadora Jacqueline Moraes (PSB) se sentiu ofendida por causa da linguagem figurativa sobre a política que pratica de "vira lata" que "late" por ocasião em que chama de moleque, ofensivamente, sem aspas, o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos) na esteira da prática de corrupção revelada contra a governança de que ela faz parte.

O pior: meios de comunicação a entrevistaram como sem aspas, como se fosse literal, e ela respondeu como se assim também fosse, dizendo-se atacada pela "língua portuguesa". Na condição de candidata a deputada federal fez do artigo assinado pelo jornalista um palanque e produziu fake news para parte da imprensa que, de forma dolosa ou não, deu voz e palanque para a vice-governadora. Agora, literalmente, ela sofre da síndrome de "vira-lata", criada pelo jornalista e  dramaturgo Nelson Rodrigues para designar a fraqueza do indivíduo.

IRONIA

Acostumados com o formato de jornalismo de registro, nenhum jornalista que a entrevistou fez questão de explicar que o termo entre aspas não tem sentido literal, de por propósito ou por ignorância, pois o que importava era atender na ponderação da síndrome de vira lata (aqui é sem aspas) teatralização da vice-governadora que só figurou nessa suposta tragédia com foto produzida e sorrindo. Entre entender terminologia linguística e tentar angariar votos, a segunda linha é mais apropriada para a ocasião eleitoral. Mas, não funcionará!

É triste ter que explicar terminologia portuguesa para pessoas que ocupam cargo de relevância no Estado e para jornalistas a mando de patrões mercantilistas às custas dos cofres públicos. Casagrande, solidário com a burrice explicitada, tirou o foco das denúncias de corrupção praticada pelo seu governo e se valeu da histeria da vice para ter um respiro, sempre usando o estado policial  e a judicialização como defesa e ataque aos adversários, sem mencionar atuação simétrica da milícia digital produtora de notícias falsas. Sempre criando factoides.

NELSON RODRIGUES

O jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues deve estar se revirando no túmulo sobre o entendimento do termo que criou para designar ao brasileiro o adjetivo de "vira lata". : 

"Complexo de vira-lata é uma expressão e conceito criada pelo dramaturgo e escritor brasileiro Nelson Rodrigues, a qual originalmente se referia ao trauma sofrido pelos brasileiros em 1950, quando a Seleção Brasileira foi derrotada pela Seleção Uruguaia de Futebol na final da Copa do Mundo em pleno Maracanã. O Brasil só teria se recuperado do choque (ao menos no campo futebolístico) em 1958, quando ganhou a Copa do Mundo pela primeira vez. O fenômeno também é referido como vira-latismo[", fonte da  Wikipédia.

Para Rodrigues, o fenômeno não se limitava somente ao campo futebolístico:

  "Por "complexo de vira-lata" entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a autoestima. NELSON RODRIGUES.

Palavra entre aspas, também, serve para distinguir o ironismo do literal. No primário já se aprende isto. 

 

A FOLHA DO ES não pratica jornalismo de registro. Tem sua linha editorial assentada no formato investigativo, analítico e opinativo a um custo alto como ter de explicar o sentido das "aspas" dentro do português e a etimologia de expressões consagradas no dicionário.

Literalmente, a vice-governadora sofre da "síndrome do vira-latismo". Jesus seria sacrificado de novo por recomendar não dar "pérolas aos porcos" e que assim se expressou para uma mulher cananeia que tinha uma filha  endemoninhada: "Não é bom pegar o pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos". Se a vice-governadora, que se diz evangélica, fosse essa mulher, blasfemaria contra Deus e jogaria pedra no Filho.

Sim, a governadora pratica uma política de "vira lata" e "late", ofendendo os adversários políticos, chamando-os de moleques quando este "moleques" denunciam corrupção na governança dela.

 

 

E sobre a corrupção, ninguém vai falar nada?