Os bispos da Arquidiocese de Vitória, Dom Frei Dario Campos, da Diocese de Colatina, Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias, da Diocese de São Mateus, Dom Paulo Bosi Dal’Bó, e o administrador diocesano de Cachoeiro de Itapemirim, padre Walter Luiz Barbiero Milaneze Altoé, divulgaram uma carta com “reflexões importantes para o discernimento do voto consciente, fruto do nosso compromisso batismal”.

Os bispos e o coordenador diocesano afirmam na carta que, ainda neste período eleitoral, será lançada a Cartilha de Orientação Política 2020. “Tradicionalmente, no período eleitoral, a Arquidiocese de Vitória e as Dioceses de Cachoeiro de Itapemirim, Colatina e São Mateus apresentam aos fiéis materiais com orientações práticas para a escolha de candidatos e candidatas. Tais orientações estão sempre em comunhão com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil [CNBB], que nos ensina que a política é a forma mais sublime de exercer a caridade’”, reforçam.

No documento, as autoridades católicas fazem uma breve análise de conjuntura da situação do Brasil e do mundo em meio à pandemia da Covid-19, além de defender que, diante do processo eleitoral, os católicos avaliem de forma criteriosa os candidatos. O documento aponta que a pandemia “acirrou o cenário que já se apresentava de desigualdades sociais, provocando uma crise econômica mundial, intensificando a miséria, que se faz ver claramente no quadro alarmante da fome e da inexistência de teto para todos. Somando ainda a estas dramáticas consequências, nota-se o incremento das políticas do ódio e da violência, o aprofundamento de práticas racistas, xenófobas, homofóbicas, machistas e de aniquilamento das políticas sociais”.

Em relação à postura dos católicos nas eleições, a carta afirma que é preciso avaliar os candidatos, “suas histórias e suas propostas, porque o voto tem consequências políticas, sociais, culturais, econômicas, ambientais”. E ainda que “as eleições municipais que se aproximam são uma oportunidade para encontrar caminhos que ajudem os municípios a superarem o momento difícil que atravessamos como cristãos e cidadãos. Pois todos somos responsáveis pelos candidatos que escolhemos e corresponsáveis com o que será feito, passadas as eleições, em nossos municípios”.

O documento também destaca que a corrupção “está aí, com práticas cada vez mais explícitas e hediondas, inclusive se manifestando ao longo do processo eleitoral”. E acrescenta: “há muitos candidatos que sequer sabem as atribuições de vereadores e de prefeitos. Para se enfrentar a corrupção, não podemos alimentar a troca de favores, votar atendendo a vontade de quem ocupa lugares de comando ou dos que se apresentam como pessoas acima do bem e do mal. O critério fundamental para se combater a corrupção é efetuar um voto ético, que defende a justiça social e o bem comum”.

Na parte referente à missão do leigo e da hierarquia, é destacado que a Igreja proíbe a candidatura ou a participação político-partidária dos padres, reservando esta missão para os leigos, de maneira que os padres devem evitar apresentar-se como candidatos, apoiar ou participar de atividades de candidatos ou partidos durante o período eleitoral. Da mesma forma, orienta os leigos que disputarão as eleições a se afastarem das atividades litúrgicas e pastorais durante o período eleitoral, devendo retornar às mesmas após as eleições, qualquer que tenha sido o resultado”.