Eleito senador pelo Rede, em 2018, Fabiano Contarato deixa a sigla, para provavelmente filiar ao PT. O plano dos petistas é lançar Contarato ao governo do Espírito Santo nas eleições de 2022. Ainda com 5 anos restando do mandato de senador, ele não tem nada a perder.

O ex-prefeito de Vitória, João Coser e o deputado federal Helder Salomão, confirmaram as tratativas. 

“Conversei mais de uma vez com o Contarato, estou muito otimista com a possibilidade de ele vir para o partido. Acredito que o coração dele já está aqui, falta só uma decisão pragmática. Fiquei muito encantado com as reflexões que ele faz, a convivência dele com os nossos senadores é muito boa.”, ressaltou Coser.

Helder também fez coro a filiação do senador. “O Contarato é uma liderança importante, um senador respeitado, coerente, vejo com bons olhos. Acho que ele é uma liderança política com bom trânsito em vários partidos, em vários segmentos da sociedade, tem feito um mandato importante e tenho muito respeito pela liderança política dele. Vamos aguardar pra ver quais serão os próximos passos”, disse. 

Contarato deve anunciar ainda esse mês a sua filiação ao PT.

A CANDIDATURA

Além de sustentar as bandeiras do programa petista, ele será erguido à fazer um palanque de blindagem ao atual governador Renato Casagrande. E ainda será responsável por ataques mais duros ao presidente Jair Bolsonaro e seus aliados no Espírito Santo. Tudo isso faz parte de um acordo que está sendo firmado entre o PT e PSB em nível nacional.

PT e PSB – O ACORDO

A aliança entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e Partido Socialista Brasileiro (PSB) está sendo construída e norteada ao entorno da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E nessa órbita serão determinadas as parcerias diretas e indiretas das duas legendas nos Estados. Tendo o PSB prioridade em alguns regiões, como é o caso no Espírito Santo.

Para garantir que essa articulação o favoreça, o governador capixaba, que também é secretário geral do PSB nacional, está conduzindo pessoalmente as conversas. No dia 6 de abril, inclusive, Casagrande organizou um encontro com Lula para discutir as eleições de 2022. A reunião aconteceu por vídeo-chamada e tratou particularmente desse amplo acordo entre as duas agremiações. O diálogo ainda contou a participação da presidente do PT, Gleisi Hoffmann e o da sigla socialista Carlos Siqueira.

ESTRATÉGIAS NO ES

Em solo capixaba a probabilidade dos dois partidos subirem no mesmo palanque é baixa, porém, as chances das legendas atuarem em plena sintonia na eleição ao governo estadual é vista por correligionários como um arranjo certo.

A estratégia 1: A candidatura do PT descarrega parte da carga negativa da esquerda em Contarato. A ação pretende desorientar o eleitorado. Facilitando a manobra evasiva de Casagrande, ”a esquerda está lá, é o Contarato é o PT, são eles e não eu”.

A estratégia 2: Desvio do foco da direita. Contarato assume todo estereótipo de esquerda extremista, atraindo para si, o confronto direito dos conservadores desavisados. Como um cavalo de Tróia. Abrindo caminho para o avanço da candidatura de reeleição do socialista para dentro dos portões do Palácio Anchieta.

A estratégia 3: Atuação como franco atirador. O candidato petista vai mirar ataque aos adversários com maior potencial de competividade com Casagrande, tendo como principal alvo o ex-deputado federal, Carlos Manato. Enquanto isso Casagrande sem a necessidade de ir para o confronto direto, incorporará um personagem de fala mansa e enraizado na vitimização.

A estratégia 4: Combinado nos debates. Os candidatos do PT e PSB farão entre si perguntas ensaiadas, tendo Contarato a missão de confrontar os adversários diretos de Casagrande em temas polêmicos. O mesmo bate-bola fez o PT com o MDB nas eleições de 2014. Naquela ocasião Paulo Hartung e o candidato petista Roberto Carlos, em acordo, uniram-se contra Casagrande. Enquanto Hartung tinha tempo para explanar suas ideias, Casagrande era empurrado a se defender dos ataques intensos de Roberto Carlos. A articulação rendeu ao PT, diversos cargos no governo PH.

CONVERGÊNCIA

A presidente estadual do PT, Jackeline Rocha, destacou as negociações. “Temos que ter posições contrárias ao governo Bolsonaro e, neste sentido, PT e PSB têm muita convergência. O aceno para 2022 está claro.”