Desinformações, boatos e fake news são características comuns dos conteúdos disseminados pelo grupo suspeito de receber verba pública para atacar adversários do governador Renato Casagrande (PSB).

Uma rede estruturada na internet teria objetivo de ”assassinar reputações” promovendo ataques aos oponentes do Palácio do Anchieta. A organização seria composta por alguns donos de sites patrocinados e servidores comissionados.

MODUS OPERANDI — GABINETE DO ÓDIO

Os sites financiados com verba de publicidade pelo governo seriam responsáveis por criar pautas acusatórias na imprensa. As informações dos textos são sempre baseadas em denúncias anônimas, que nunca prosperaram na Polícia ou Justiça. Usadas de maneira explicita apenas para construir narrativa de incriminação.

O conteúdo é geralmente postado primeiro no Blog de Elimar Cortes. E depois republicado em outros portais. Como foi o caso da matéria intitulada ”Polícia Federal investiga Carlos Manato por acusações de ‘rachadinha’, funcionários ‘fantasmas’ e usar servidores públicos em campanha de sua esposa” postada em 4 de maio de 2021. Cortes escreve e publica, na sequência o grupo pulveriza nos sites da base governista.

 

 

 

O caso apontado na matéria contra Carlos Manato (PL) foi estruturado também em denúncia anônima, considerada no período pela Polícia Federal (PF) ”vaga e até confusa”.

“A denúncia anônima é deveras vaga e até confusa. É incapaz de apontar com precisão a eventual participação de alguns dos envolvidos e faz acusações de maneira generalizada não fornecendo detalhes que pudessem ser aprofundadas pelo órgão persecução penal”, conforme relatou o delegado federal João Quirino Van Langendonck Florio.

O Ministério Público Federal (MPF), através da promotora Carolina Nartins de Oliveira, acompanhou a PF, e requereu em 15 de novembro de 2021 ”arquivamento” do procedimento. “Não há justa causa para prosseguimento das investigações revelando-se o arquivamento a medida mais adequada ao feito.”

DISPUTA

Manato é apontado pelas pesquisas eleitorais com possível adversário de Casagrande em um eventual 2º turno. Nos levantamentos, ele aparece no segundo lugar. Em 2018, os dois candidatos rivalizaram a disputa que culminou na vitória do socialista.

PUBLICIDADES

Tanto Blog do Elimar, quanto o Hoje ES estão na folha de pagamento da Comunicação do governo casagrandista. Sendo possível constatar os contratos através do link de Execução Contratual de Publicidade da Secom-ES.


POSTADORES

Mesmo cientes do arquivamento da acusação contra Manato, o grupo voltou a atuar. E nesta quarta-feira (10) no início da manhã foram para as redes sociais requentar a matéria publicada há 15 meses. Recebemos as imagens que comprovam a ação.

 

 

Foram dezenas compartilhamentos em grupos de WhatsApp em horários similares. Na primeira imagem o número de celular está referenciando um jornal chamado Grande Vitória, mas o link compartilhado é do Hoje ES. Mostrando que os disparos tinham intenção direta de comprometer a imagem do candidato antagonista a Casagrande.

Buscamos informações e descobrimos que o proprietário do jornal Wendell Lopes tem ligação com governo. A esposa foi nomeada em 10 maio deste ano no cargo de Assessora Especial da Secretaria Estadual de Saúde. A servidora comissionada recebe um salário de R$ 3.450,11.

 

Outro número de celular que postou o conteúdo foi identificado apenas pelo codinome usado no perfil como ”Sobrevivente”. Porém, o ponto-chave é a foto da conta. A imagem é o brasão do governo do Estado. Podendo ser um servidor público.

 

COINCIDÊNCIA?

Esposa de Wendell é lotada na mesma pasta da filha de Elimar, Thaissa Guimarães Cortes também é ocupante de cargo comissionado na Secretaria de Saúde. Thaissa recebe um salário de R$ 5.025,13 mensal.

 

 

Às duas estão abrigadas com secretário Nésio Fernandes. Ele foi condenado por usar a pasta em benefício do então candidato petista João Coser na disputa pela Prefeitura de Vitória, em 2020.

As conexões reforçam uma atuação coordenada estruturada no governo em favor de Casagrande. E os fatos evidenciam a existência do ”gabinete do ódio socialista.”