Uma empresária de Cariacica, na Grande Vitória, que divulgou um vídeo xingando nordestinos no domingo (30), após o resultado das eleições, está sendo investigada pela Superintendência de Polícia Regional Metropolitana (SPRM) da Polícia Civil do Espírito Santo. 

Nas imagens, Eliziane Santos Neves, chama os nordestinos de “bando de passa fome” e diz que eles vão “depender o Bolsa Família para o resto da vida”.

“Parabéns, bando de passa-fome do Nordeste. Parabéns pra vocês. Agora não venham aqui para o Sudeste vender sua rede, não, amor. Continuem aí nas cidades de vocês, tá bom? Não venham pra cá não, bando de miséria, pobres. Continue no Nordeste de vocês. Bando de cabeça chata. Continue aí onde vocês estão. Vai depender de Bolsa Família para o resto da vida. Vocês gostam sabe de quê? De esmola. Vocês não gostam de carteira de trabalho. Vocês não gostam de trabalhar, não. Final do ano vou para o Nordeste passar férias e sabe quem é que vai me atender? Vocês”, disse a empresária no vídeo.

Nesta quarta-feira (2), em entrevista à TV Gazeta, a empresária disse que bebeu demais e ela não é como aparece no vídeo.

“No domingo eu bebi demais, demais. Eu tinha tomado um remédio pra dormir e isso foi uma bomba. Peguei o celular, falei aquelas besteiras, aquelas coisas horríveis, coisas que eu não penso, coisas que não são de mim. Eu não sou aquela pessoa daquele vídeo, aquela pessoa soberba, aquela pessoa xenofóbica, eu não sou. Já estou respondendo na Justiça pelo que eu fiz, já recebi a intimação em casa e ontem na delegacia da Polícia Civil já pedi desculpa, me retratei de coração mesmo”, disse a empresária.

O cientista Fernando Pignaton disse que reações como a da empresária são ultrapassadas.

“É uma reação de uma classe que se acha ameaçada e que está usando métodos ultrapassados, violentos, agressivos de fazer política. Nós torcemos para que a direita brasileira saia dessa fase infantil, assuma uma maturidade política, se reorganize dentro da política para defender os seus direitos, democraticamente”, disse o cientista político.

O advogado Eduardo Sarlo disse que é preciso ter cuidado com o que se diz na internet porque a liberdade de expressão tem limite, e juridicamente, o discurso de ódio pode gerar consequências.

“A pessoa que faz um discurso de ódio em rede social, seja WhatsApp, Instagram ou Facebook, ela pode ser processada criminalmente pelo crime de racismo ou injúria racial. Esse discurso de ódio, não é bem-vindo, não é aceito e pode ser criminalizado”, disse o advogado.

A Polícia Civil informou que teve ciência do caso e, “considerando a necessidade de reprimir condutas que imprimem delitos envolvendo práticas de intolerância, discriminação, preconceito, injúria, racismo e o discurso de ódio, a fim de preservar a ordem pública e a dignidade da condição humana, encaminhou o caso, com caráter de urgência, para ser apurado pela Superintendência de Polícia Regional Metropolitana (SPRM)”.

 


 

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