Seguindo o ritmo com que voltou do recesso parlamentar, o deputado Enivaldo dos Anjos fez jus à fama de combatente e voltou a disparar críticas à Fundação Renova, que negligencia de maneira sistemática os atingidos pelos crimes ambientais da mineradora Samarco, e também aos órgãos de fiscalização do Estado.


“O que temos assistido no Espírito Santo é o silêncio em torno desse assunto. Como que uma fundação criada para resolver os problemas criados pela mineradora não dá a menor importância para os casos de atingidos e ninguém dá a menor importância para isso? Em vez de críticas, o discurso que a gente vê é que a falta de produção da Vale e da Samarco estariam derrubando a economia do país, mas isso é uma lorota antiga”, disse Enivaldo.


O deputado trouxe para a baila a falta de críticas também dentro do Plenário da Assembleia onde, segundo o próprio Enivaldo, é o lugar onde as fiscalizações devem ser mais duras contra práticas irregulares de empresários. “A poluição é um caso que compete exatamente a autoridades combater e precisamos de pessoas aqui que tenham coragem de falar de empresários sonegadores, por exemplo. Empresários que constroem suas riquezas em cima da miséria das pessoas. Empresas que são totalmente irresponsáveis e que além de destruir mais de 600 quilômetros de rio têm o descaramento de, mesmo com o dinheiro em caixa para isso, não pagar aos atingidos por seus crimes”, disse.


Recentemente, o deputado fez críticas também em suas redes sociais contra uma nova onda de contaminação do Rio Doce pela lama tóxica da Samarco. Retida em uma barragem de hidrelétrica, a lama deveria ter sido dragada pela Samarco em 2018, mas acabou sendo despejada no Rio Doce após o grande volume de chuvas na região obrigar a abertura das comportas pela usina. O fato foi noticiado pela imprensa mineira, mas não ganhou repercussão no Espírito Santo, apesar do rio também banhar terras capixabas.


“É só você reparar que nos últimos 90 dias, desde que a Fundação Renova começou a ser apertada pela CPI da Sonegação que os veículos da grande mídia no Espírito Santo começaram a publicar comerciais mentirosos de meia em meia hora”. O lamento de Enivaldo quanto à falta de críticas pela imprensa demonstra a preocupação do deputado com a maneira como as grandes empresas são tratadas não somente no Espírito Santo, mas em todo o país. “A Vale sempre destruiu Minas Gerais e o Espírito Santo com a desculpa de que gera emprego e ICMS, mas você tem cidades como Presidente Kenedy, que recebe milhões em ICMS e tem esgoto a céu aberto no centro da cidade”.


Para o deputado, o Espírito Santo deve ter uma postura exemplar na hora de cobrar e punir empresas poluidoras e sonegadoras: “Acredito que um Estado como o Espírito Santo, que costuma dar exemplo para o Brasil nas contas públicas, precisa ser mais enérgico nas questões judiciais. Se a Fundação Renova existe justamente para fazer o cumprimento dos deveres das mineradoras, esse assunto não deveria ser considerado tão difícil de se resolver”, concluiu.