O governador Renato Casagrande (PSB) decretou sábado, 2, extensão do isolamento horizontal para até o dia 10 de maio. Em síntese, comércio permanecerá fechado mesmo sabendo do alto nível de desemprego e provável colapso econômico nunca experimentado na história desde dos anos de 1930, a Grande Depressão.

A coincidência vem logo após aprovação pelo Senado de quase R$ 1 bilhão para o Espírito Santo, recursos para compensar a perda do ICMS no período da quarentena. Além do mais, são recursos que podem ser utilizados de forma célere com a dispensa de licitação pelo decreto de calamidade. 

O governador tenta ficar no meio termo. Prevê flexibilização apenas para os municípios sem maiores riscos ou com curvas elevadas do coronavírus, em algumas atividades. A separação por região não satisfaz as entidades de classes e serviços. As manifestações de federações e entidades são de frustração. 

A verba federal, bom frisar, não está sendo liberada para fechar o comércio, mas seria para manter o equilíbrio fiscal dos estados em posição de enfrentar a pandemia e produzir caminhos para a retomada do desenvolvimento. Centenas de espaços produtivos fechados não reabrirão mais. O isolamento radical proposto é opção pessoalíssima do governante.

O governador Renato Casagrande (PSB) tem acompanhando a mesma pegada de outros gestores federativos da linha de pensamento em contraditar o Presidente da República que defende a flexibilização do isolamento e a volta ao trabalho, frisando sobre o efeito colateral das decisões mais radicais que brecam a economia. 

O Espírito Santo e a maioria dos municípios estão pagando para ver, alternando a retórica entre defender vidas e politizar os métodos. Se o isolamento horizontal - fecha tudo - estivesse dando certo, o chamado achatamento da curva já estava ladeira abaixo. Porém o que se assiste é o alongamento da quarentena com o crescimento de mortes sem noção de quando se encontrará o pico da pandemia

O decreto pode estar respaldado numa infodemia, baseada em crenças político-eleitorais tendo como pano de fundo o pretexto de evitar mortes e a implosão do sistema de Saúde. Sabe-se que sem o contágio dos assintomáticos nunca a curva será decrescente. Haverá o prolongamento da quarentena pelo medo e cultivo do ócio que demandará uma conta alta e quase impossível de ser paga. 

A quarentena mais apropriada, segundo especialistas, se estabelece de acordo com as condições de vida de cada sociedade. Nunca foi informado à população ou proposto distanciamento vertical que consiste no insolamento somente do grupo de risco que são as pessoas idosas ou de outras idades com comorbidades (com duas ou mais doenças graves).

Neste momento, a infecção acontece mais dentro de casa, na unidade familiar. Mas, ignoram essa realidade. A falta de trabalho é um tipo de controle social perverso, cruel. 

O alongamento do isolamento radical, com o comércio fechado, diferente do estado que receberá os recursos sem precisar de consultar a capacidade de crédito, o indivíduo e a maioria dos empresários não conseguem vencer a burocracia bancária para conseguir os empréstimos com carência e juros módicos objetivando o recomeço da vida pós-apocalíptica.O ES nem venceu os prejuízos das enchentes de janeiro. 

Então, o povo terá de recorrer ao "seja o que Deus quiser". E a validade da função do Estado será questionada na reinvenção da sociedade pelos seus sobreviventes.

* Atualizado com informações retificadas do artigo original