O governador Renato Casagrande ofendeu a Igreja Católica ao assinar decreto trocando o no do Santo Anchieta pelo filósofo contestado Paulo Freire. As redes sociais não reagiram bem com o ato discricionário do gestor socialista.

Por mais importante seja o educador, ele não tem história no Espírito Santo de Anchieta. Trocar o nome é uma blasfêmia para muitos. Se fosse a inauguração de uma escola, o decreto e a homenagem faria sentido sem ofender a religiosidade dos capixabas. É demonstração de que não tem projeto de construção de novos espaços educacionais por agora.


Assim descreveu no site oficial do Governo a justificativa para a troca de nome da escola no Município de Anchieta, mesmo nome do santo católico e educador proeminente, de reconhecimento internacional:


O Governo do Espírito Santo vai homenagear o educador e filósofo Paulo Freire, considerado o “patrono da educação brasileira”, que faria 100 anos nesse domingo (19). O governador do Estado, Renato Casagrande, assinou o decreto que autoriza a mudança de nome do Centro Estadual de Ensino Médio em Tempo Integral (CEEMTI) Anchieta, localizado no município de Anchieta, para CEEMTI “Paulo Freire”. O ato será publicado no Diário Oficial do Estado desta terça-feira (21).

Ao assinar o decreto, o governador comentou sobre a iniciativa. “Paulo Freire foi um pensador muito importante, defendendo uma educação libertadora, com a visão de que a educação muda as pessoas e as pessoas mudam o mundo. Ele sempre foi um estudioso à frente do tempo”, disse Casagrande.

Também esteve presente na assinatura do decreto, o secretário de Estado da Educação, Vitor de Angelo. “Paulo Freire foi um grande intelectual brasileiro. Para além da educação, foi um pensador sobre o Brasil. Esse decreto é um reconhecimento nosso, simbólico, mas importante em virtude da representatividade que ele teve em vida e após sua morte. Não podemos invisibilizar o legado dele e esse é o sentido de assinar esse decreto”, pontuou o secretário.


SOBRE ANCHIETA E O ES:


A cidade de Anchieta tem sua origem ligada à aldeia jesuítica de Iriritiba, também chamada Reritiba, termo de origem tupi que significa "muitas ostras"[, "ajuntamento de ostras", pela junção dos termos reri (ostra) e tyba (ajuntamento). A aldeia foi fundada pelo padre José de Anchieta em 1561, como local de catequese dos índios. O padre transferiu-se definitivamente para Reritiba em 1587, onde veio a falecer em 9 de junho de 1597. Nesse período, produziu grande parte de sua obra literária e dramática.

Com a expulsão da Companhia de Jesus das terras portuguesas em 1759, a aldeia de Reritiba recebeu o foro de vila com o nome de Vila Nova de Benevente. Logo após a partida dos jesuítas, a vila passou por um período de decadência devido à desocupação da região pela maioria dos nativos. Em 12 de agosto de 1887, a vila foi elevada à condição de cidade, recebendo um novo nome: Anchieta, em homenagem ao famoso santo jesuíta que ali viveu e morreu no século XVI.

A vila tomou novamente impulso em sua economia a partir da chegada, pelo porto de Benevente, de milhares de colonos italianos entre os anos de 1874 e 1895. Da vila, surgiram, também, as atuais cidades de Alfredo Chaves, Piúma e Iconha.

Foi em Anchieta, em 1968, que o padre Humberto Pietrogrande fundou o Movimento de Educação Promocional do Espírito Santo (MEPES) e a primeira Escola da Família Agrícola no Brasil, que seria precursora de centenas de outras experiências ao redor do mundo.