A Coreia do Norte disparou quatro mísseis balísticos de curto alcance neste sábado (5), em novos lançamentos que se somam à longa série realizada esta semana e que coincidem com o último dia das maiores manobras aéreas organizadas por Washington e Seul. 

O Exército sul-coreano detectou o lançamento "a partir de Tongrim, na província de Pyongan do Norte, em direção ao Mar Amarelo", informou o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul em comunicado. 

A Coreia do Norte lançou cerca de trinta mísseis balísticos esta semana. Um deles caiu em águas territoriais sul-coreanas. 

Os Estados Unidos e a Coreia do Sul consideram que esses disparos podem culminar em um teste nuclear da Coreia do Norte, o que seria o primeiro desde 2017.

Na sexta-feira, Washington e Seul decidiram estender por um dia os exercícios militares conjuntos chamados de "Tempestade Vigilante", que começaram na segunda-feira. 

Um bombardeiro estratégico B-1B dos Estados Unidos participou hoje dos exercícios aéreos, marcando o primeiro voo de uma aeronave desse tipo na península coreana desde dezembro de 2017. 

Especialistas apontam que o regime comunista liderado por Kim Jong Un ficou especialmente irritado com essas manobras, as maiores já realizadas por Seul e Washington, com centenas de aviões mobilizados pelos dois países.

AMEAÇA SIGNIFICATIVA

Em outras ocasiões, a Coreia do Norte manifestou sua indignação com o envio de armas estratégicas dos EUA, como bombardeiros B-1B ou porta-aviões, geralmente enviados para a região em momentos de alta tensão. 

Embora os B-1B já não sejam mais equipados com armas nucleares, a Força Aérea americana os define como "sua espinha dorsal dos bombardeiros de longo alcance", que podem atacar em qualquer lugar do mundo. 

Um especialista em assuntos norte-coreanos, Ahn Chan-il, comentou à AFP que, dado o fato de os Estados Unidos verem os B-1B como um elemento estratégico, sua implantação pode ser encarada pela Coreia do Norte como uma "ameaça significativa". 

Na sexta-feira, a Coreia do Sul ordenou a decolagem de dezenas de caças após detectar a mobilização de 180 aviões norte-coreanos. 

Especialistas dizem que Pyongyang também é particularmente sensível a essas manobras porque sua Força Aérea é um de seus pontos fracos. O regime não possui caças de alta tecnologia nem pilotos devidamente treinados.

Em comparação com a envelhecida frota da Coreia do Norte, os exercícios conjuntos serviram para mostrar os mais modernos caças americanos e sul-coreanos, incluindo caças F-35, em ação. 

Falando no Conselho de Segurança da ONU na sexta-feira, a embaixadora dos EUA, Linda Thomas-Greenfield, rejeitou as críticas feitas às manobras e as qualificou de "propaganda" norte-coreana, dizendo que não representavam ameaça a outros países. 

A diplomata acusou a China e a Rússia de protegerem a Coreia do Norte, que "zombou" do Conselho de Segurança com os lançamentos sem precedentes de mísseis, que agravaram as tensões na península coreana. 

Mas a China, o aliado mais próximo do regime de Pyongyang, e a Rússia, cujas relações com o Ocidente se deterioraram desde que invadiu a Ucrânia em fevereiro passado, acusam os Estados Unidos de provocarem a Coreia do Norte.