Alguns veículos de comunicação forçaram a barra para criar uma narrativa de normalidade sobre a mudança principal promovida pelo governador Renato Casagrande (PSB) na Secretaria de Governo: tudo normal, sem afetação de fritura. Não e verdade!

O projeto de poder do PSB para as eleições de 2022 estava comprometido com o "complicado" secretário Tyago Hoffmann - adjetivo aplicado por uma das fontes de A Gazeta analisando seu papel como, agora, secretário de Desenvolvimento e da Ciência, Tecnologia e Inovação.

SAÍDA DE CENA

De fato, o governador entregou um orçamento grande nas mãos do seu aliado tóxico como consolação, porém o ingresso do ex-prefeito tem mensagem clara da necessidade de alguém de diálogo fácil com todos os setores políticos do Estado. A Secretaria de Governo é a mais cobiçada de qualquer administração pública. Supervisiona todas as demais. Fato.

Com o ingresso de Gilson Daniel, político habilidoso e de fácil trato, o governador tem um ganho, realmente, significativo no campo político. Inclusive, já apoiando o prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, Victor Coelho, para ser o presidente da Amunes, associação da qual o atual Secretário de Governo desistiu de disputar já sabendo que aceitaria o convite de Renato Casagrande.

RESSENTIMENTO

Para quem sabe ler, como diz o adágio, um pingo é letra. Na entrevista que concedeu ao jornalista Victor Voga de A Gazeta, quando questionado se ele se sentia rebaixado de posição, Tyago fez um comentário depreciativo em relação ao seu substituto: "ele tem formação em contabilidade....o tempo dirá...". Ora, não precisava comparar currículo. Um sinal de ressentimento, mesmo se dizendo "bom soldado" de Casagrande.

Com essa mudança e outras de menor importância por conta de fusão de secretarias, Hoffmann sai da fotografia e dos holofotes do Palácio Anchieta para dar suporte técnico às ações dos seus aliados nas áreas do Bandes, Aderes e projetos de TI - setor de seu interesse- , correndo o risco de colocar o projeto de poder do PSB em alerta vermelho por conta das licitações milionários e muita movimentação financeira para gerir com pouca transparência como tem ocorrido.

Gilson Daniel, elevado, foi uma vitória para o universo político. Tyago Hoffmann, desnutrido, é um ponto de interrogação para os setores produtivos. Pode virar um "Otaciano Neto" do Governo de Paulo Hartung. Muita pretensão e, no final, não sobrou nem arroz e nem feijão.