Vale o que está escrito – seja no jogo do bicho ou em bula de remédio. Na bula da vacina Pfizer está escrito que o intervalo entre a primeira e a segunda dose deve ser de 21 dias.

O Ministério da Saúde orientou os Estados a aplicarem a Pfizer com intervalo de 84 dias entre a primeira e a segunda dose. O governo espera receber 100 milhões de doses até setembro.

Por que a ampliação do intervalo? Segundo o Ministério da Saúde, porque a medida trará “ganhos significativos”, reduzindo a “gravidade da doença”. O que a Pfizer diz sobre isso?

Não diz. Ou melhor: limita-se a dizer que o regime de aplicação da dosagem fica “a critério das autoridades de saúde” de cada país. Em outras palavras: lava as mãos. Cabe-lhe fabricar e vender.

O Reino Unido é citado pelo governo como exemplo de país que levou 84 dias para aplicar a segunda dose da Pfizer. Os Estados Unidos respeitam o prazo estipulado na bula.

Para disfarçar a falta de vacinas, o Ministério da Saúde comporta-se como cachorro assustado na festa de São João, a saltar de um lado para outro a cada estouro de bomba.

Em 19 de fevereiro último, mandou que se usasse a segunda dose das vacinas CoronaVac e AstraZênica no lugar da primeira. Duas semanas depois, deu o dito pelo não dito.

Em 20 de março, outra vez mandou usar a segunda dose no lugar da primeira, para no dia 26 recuar de novo. Cidades de 15 Estados, entre elas 7 capitais, estão sem a segunda dose da CoronaVac.