O canabidiol, extraído do Cannabis, possui muitos benefícios e torna mais eficaz os tratamentos de doenças degenerativas. Por possuir ações anti-inflamatórias e anticonvulsivantes o medicamento tem se tornado uma solução para muitos pacientes Do Estado. Mas, apesar do uso orientado por profissionais ser bastante recomendado, obter o tratamento ainda é difícil e burocrático.

Para a neuropediatra Rafaela Rodrigues Coppo, essa dificuldade de espalhar o tratamento vem de muito tempo. “O canabidiol é um grande aliado nos tratamentos, porém, quando na década de 70 se iniciou uma proibição do uso medicinal do cannabis em alguns países, que começou com o Estados Unidos, a planta foi taxada como droga por muito tempo. Só depois de anos começaram os estudos sobre o uso medicinal e a liberação, até chegar no Brasil. Mas ainda existe esse preconceito fruto da baixa informação”, explica.

A comercialização dos medicamentos a base da planta começou ser realizada em 2014, quando a importação do produto foi permitida pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A pesquisa, venda e produção dos remédios no Brasil só foram liberadas em 2019. Apesar do avanço, para Sandra, mãe de Sara que possui crises compulsivas devido a meningite bacteriana, o processo ainda é muito burocrático.

“Em 2015, quando eu e mais três pessoas começamos o tratamento com o uso do canabidiol era muito difícil. O pessoal não tinha noção, hoje já não tem, antes tinha menos ainda. A importação não é acessível, possui um custo muito alto, hoje ficou mais fácil de um médico prescrever, mas para conseguir gratuitamente é muito difícil. Eu só consigo pegar o medicamento na farmácia cidadã com mandado judicial”, explica. 

Para a mãe, o tratamento com a cannabis foi importante para o controle da doença da filha. “A meningite causou uma paralisia cerebral na minha filha e quando ela tinha 3 anos começaram as crises compulsivas, depois que o médico dela associou o canabidiol ao tratamento, ela não deu mais crises como antes, passou a ser mais eventuais, dava somente quando dava uma infecção ou algo mais grave”, comenta. 

Quem utiliza a planta para tratamentos todos os dias também sente falta de mais informações sobre o uso da cannabis, que ainda é pouco difundo para a população, como comenta Sandra:

“É importante enfatizar que isso lá fora já é usado para tratamentos a anos e agora que está chegando aqui no Brasil. Quando falamos desse tratamento as pessoas dizem: “Ah, é droga, maconha”, sempre associando ao uso indevido. Aqui, o plantio para uso medicinal não é liberado. Essa burocracia impede um tratamento que é tão eficaz e já é comprovado em diversas pesquisas”, argumenta. 

E é com o objetivo de trazer informações sobre o uso terapêutico da Cannabis e promover atendimento clínico completo, o Centro de Excelência Canabinóide (CEC), que chega ao Espírito Santo na próxima segunda-feira (19), reúne médicos de diferentes especialidades e pesquisadores nas novas unidades em Vitória e Colatina. O Centro estima atender de 50 a 60 capixabas por mês.

O CEC foi fundando em 2018 e acredita no tratamento através do atendimento humanizado, buscando trazer bem estar para a pessoa, além do paciente. O uso da medicina especializada é centrada no sistema endocanabinoide, que regula grande parte do sistema fisiológico.

Para o diretor da operação no estado, Marcilio Riegert, a clinica trará muitos benefícios. “Antes as pessoas que desejassem realizar tratamentos através do cannabis teria que ir para fora do país. Agora, com as unidades, teremos a possibilidade de realizar tratamentos e, até mesmo, comprar os remédios de forma muito mais fácil e acessível para a família”, afirma.

A comercialização dos medicamentos a base da planta começou ser realizada em 2014, quando a importação do produto foi permitida pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A pesquisa, venda e produção dos remédios no Brasil só foram liberadas em 2019. O Centro de Excelência Canabinoide (CEC), busca realizar não só a medicação, mas todo o tratamento e acompanhamento do paciente através do Cannabis.

Para o CEO do Centro, Marcelo Sarro, a clínica trará qualidade de vida e bem estar para os capixabas. “Há evidências clínicas sobre controle de dor, epilepsia e até de síndromes mais raras. Com as unidades iremos promover o bem estar através do uso do cannabis. Queremos lidar com cada paciente individualmente, e trazer melhor qualidade de vida para que consigam cuidar do sistema canabinoide, sem sofrer com os problemas que as enfermidades trazem para eles”, explica.

As unidades no Espirito Santo é o primeiro modelo aplicado no processo de expansão do CEC e, segundo o CEO, muitos Estados, e até outros países, procuraram o centro para esse primeiro projeto, mas o Espirito Santo foi o mais capacitado para recebê-lo.

O diretor do projeto no ES do explica que o plano é atender todo o Espirito Santo. “Inicialmente as unidades estarão localizada em Vitória e em Colatina, com o objetivo de atender a Grande Vitória e o interior, mais especificamente no norte. Iremos futuramente ampliar para o sul do estado, contemplando todo o território capixaba” diz.

O Centro de Excelência Canabinoide (CEC) possui um sistema exclusivo que trata a jornada do paciente, desde a triagem ao acompanhamento do paciente. Com informações sobre o uso terapêutico da canabbis e procedimentos clínicos, assim, pacientes do Espirito Santo terá o mesmo acompanhamento dos pacientes da clinica sede.

Inicialmente, o estado irá contar com profissionais de neuropediatra e neurologia que compreendem várias especialidades.