Janeiro Branco é uma campanha nacional celebrada anualmente no primeiro mês do ano, que tem como principal objetivo levantar discussões sobre saúde mental. Para pessoas diagnosticadas com câncer, o medo e angústia são sentimentos comuns e que, se não forem tratados adequadamente, podem evoluir para doenças como ansiedade e depressão.

Este ano, a campanha do Janeiro Branco se faz ainda mais necessária, devido os impactos da pandemia do Coronavírus. No caso dos pacientes oncológicos, é preciso ainda mais atenção, por fazerem parte do grupo de risco, o medo e a angústia tendem a ser ainda maiores.

 Vale salientar que a depressão é um tipo de transtorno de humor, que pode dificultar o tratamento da doença, sendo de extrema importância a identificação precoce, pois ela interfere diretamente no tratamento do câncer.  A Coordenadora de Psicologia do Hospital Evangélico de Cachoeiro, Káthia Braga, explica que os sintomas da depressão podem se manifestar logo após o diagnóstico ou a qualquer momento durante o tratamento, podendo variar entre leve a severa.

Para identificação da doença em pacientes com câncer, é preciso estar atento a sintomas como irritação, perda de interesse em atividades, perda de motivação para atividades diárias, choro freqüente, problemas de memória, perda de apetite, insônia, hipersonia, entre outros.

“O paciente que apresentar algum desses sintomas, precisa ser encaminhado com rapidez para o acompanhamento psicológico. O ideal é que, esse acompanhamento ocorra desde o momento do diagnóstico do câncer”.

No Hospital Evangélico, que é o hospital referência em oncologia do sul do estado, praticamente todos os pacientes oncológicos são acompanhados pelo serviço de psicologia do hospital.

“Fazemos buscas ativas diariamente e reforçamos com a equipe multidisciplinar que todos podem encaminhar pacientes para o serviço de psicologia”. Além da equipe, o próprio paciente e familiares também podem fazer a solicitação do atendimento.

Os psicólogos do hospital realizam atendimento nos setores de quimioterapia, radioterapia, na enfermaria oncológica e nos grupos de apoio para esses pacientes. A psicóloga explica sobre a importância da contemplação desse atendimento para a família: “Compreendemos que a família do paciente também adoece. Da mesma forma que prestamos atendimentos diariamente aos nossos pacientes, nos setores onde realizam acompanhamento/tratamento também são realizados os atendimentos aos familiares”.

Valéria Ribeiro Brunner, de 59 anos, foi diagnosticada com câncer de mama no início de 2019 e lembra a importância do acompanhamento psicológico no seu tratamento:

“Quando a gente recebe o diagnóstico de câncer, mexe muito com o nosso emocional, e a psicóloga, ela vem, conversa e chega exatamente no ponto que a gente mais precisa. Eu tinha muitas dúvidas e muito medo da cirurgia e a psicóloga me ajudou muito nesse sentido”.

A paciente, que finalizou as sessões de radioterapia em meados do ano passado, agora faz hormonioterapia em casa. Ela conta que continua participando das reuniões de acompanhamento psicológico do Hospital e que, devido à pandemia, os encontros têm acontecido semanalmente, de forma online.