Um almoço em família na última quinta-feira (18/2) acabou mal para duas irmãs do Recife (PE). Poucas horas depois de consumir um peixe da espécie arabaiana, também conhecido como “olho de boi”, Flávia e Pryscila Andrade foram diagnosticadas com a Síndrome de Haff, doença rara e pouco conhecida caracterizada, principalmente, por escurecer a urina dos pacientes, tornando-a da cor de café.

A hipótese mais aceita é de que a enfermidade seja causada por alguma toxina biológica termoestável (ou seja, que não é destruída pelo processo normal de cozedura) presente em peixes de água doce e crustáceos. A substância não altera o sabor ou a cor do alimento, o que facilita a contaminação. Alguns frutos do mar que foram consumidos por pacientes diagnosticados com a síndrome incluem espécies como o tambaqui, pacu-manteiga, pirapitinga e lagostim.

O problema ocorre de forma repentina e causa ruptura das células musculares. A síndrome pode evoluir rapidamente: os primeiros sintomas surgem entre duas a 24 horas após o consumo de peixe ou crustáceos bem cozidos, mas contaminados. Além da urina preta, entre os principais sinais da doença, estão a dor e rigidez muscular, dormência, perda de força e falta de ar.

É importante que a doença seja identificada e tratada rapidamente, pois pode trazer complicações graves para o paciente, como insuficiência renal, falência múltipla de órgãos e óbito. Outra possível consequência do problema é a síndrome compartimental, que acontece quando existe um aumento da pressão arterial numa parte específica do corpo, o que pode colocar em risco os músculos e nervos dessa região.

No caso das irmãs de Recife, os primeiros sintomas começaram a surgir cerca de quatro horas depois do almoço, quando Pryscila apresentou enrijecimento muscular, câimbras em todo o corpo e dificuldade de locomoção. Três outras pessoas que também estavam presentes na ocasião tiveram dores abdominais, diarreia e dor nas costas.