O vereador Eúde Lucas (PDT-CE), causou um alvoroço nas redes sociais e foi duramente criticado, ao falar durante uma sessão na Câmara Municipal de Jucás, interior do Ceará, que portadores do Transtorno do Espectro Autista (TEA), popularmente conhecidos como ‘autistas’, eram curados em sua época na “chibatada” (porrada).
Durante seu discurso, o político minimizou a fala da atriz Letícia Sabatella que recentemente divulgou que foi diagnosticada com TEA, e afirmou que a condição poderia ser ‘curada’ com violência física, mencionando a necessidade de “peia” ou “chibatada”.
“Pela declaração que os artistas, os autores, sei lá… tá rondando. Eu digo ‘eu era autista’, só que meu pai tirou o autista na peia. Naquele tempo tirava autista era na chibata. Porque eu era um menino meio traquina”, disse o vereador ao se referir ao diagnóstico da atriz, divulgado esta semana por ela.
A fala do vereador foi divulgada nas redes sociais e acabou gerando diversas críticas de internautas, que viu em suas falas, uma falta de respeito e profundo desconhecimento sobre o TEA.
Após a repercussão negativa, o vereador emitiu uma nota, onde se desculpa pela fala e afirmou que nunca teve a intenção de ofender e afirmou ter se ‘expressado’ de maneira equivocada, e que apenas quis falar sobre seu próprio passado e o modo como foi tratado pelo pai.
A Polícia Civil do Ceará vai abrir um procedimento para investigar as falas do vereador, que deve apurar se o parlamentar cometeu o crime de discriminação contra pessoa com deficiência, como previsto no artigo 88 da lei 15.146/15.
O que diz o Ministério da Saúde
De acordo com o Ministério da Saúde, O TEA é um “distúrbio caracterizado pela alteração das funções do neurodesenvolvimento”. A pessoa diagnosticada pode ter alterações na comunicação, na interação social e no comportamento.
Algumas pessoas têm graus leves dentro do espectro e vivem “com total independência, apresentando discretas dificuldades de adaptação”; outras têm níveis mais avançados e vivem em “total dependência” para realizar as atividades cotidianas.
Ainda segundo o Ministério da Saúde, fazem parte do tratamento a pessoas com transtorno de espectro autista o acolhimento e maior dedicação, não tendo em suas diretrizes, o tratamento de pessoas autistas não faz qualquer referência à “peia” ou “chibata”.
Atualmente, aproximadamente dois milhões de brasileiros são diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA).