É desde a infância que se aprende? Para a pedagoga Fernanda King, especialista em Educação e Desenvolvimento Infantil, sim. Temos que investir na educação antirracista desde a primeira infância.


O recente caso envolvendo a filha da atriz Samara Felippo, vítima de racismo em uma escola de alto padrão em São Paulo, trouxe à tona mais uma vez a urgência de se discutir e combater o racismo no ambiente escolar. O episódio chocante, não apenas ressalta a persistência desse problema, mas também nos instiga a buscar soluções efetivas para promover uma educação verdadeiramente respeitosa.

É inaceitável que em pleno século XXI ainda tenhamos crianças e adolescentes sofrendo discriminação racial nas escolas. O ambiente escolar deveria ser um espaço seguro e acolhedor, onde todos os alunos se sintam respeitados e valorizados, independentemente de sua cor de pele ou origem social. Diante desse contexto, é crucial que as escolas assumam um papel ativo na promoção da igualdade racial e na desconstrução de preconceitos.

A pedagoga, diretora escolar e especialista em Educação Infantil, Fernanda King, destaca a urgência de abordar o combate ao racismo de maneira ativa e sistemática nas instituições educacionais. Ela ressalta que as escolas têm o poder e a responsabilidade de cultivar um ambiente onde todas as crianças se sintam valorizadas, respeitadas e seguras.

Entre as sugestões de Fernanda King para promover uma educação mais humanizada e inclusiva, destacam-se: investimentos na formação de professores; o incentivo à representação diversificada em materiais didáticos, atividades extracurriculares e eventos escolares; introdução no currículo escolar de conteúdos que abordem a história, cultura e contribuições de diferentes grupos étnicos, destacando suas lutas e conquistas; e por último, mas não menos importante, manter um diálogo aberto e com muita empatia com toda a comunidade escolar.

Destaca também que isso é lei, e que infelizmente muitas escolas particulares simplesmente não cumprem. Para citar um exemplo, a lei 10.639 de 2023, que trata do ensino e da cultura afro-brasileira, é cumprida apenas por cerca de 25% das instituições de ensino.

Ao adotar desde a educação infantil essas práticas e ao comprometer-se com uma cultura escolar inclusiva e antirracista, a escola pode desempenhar um papel vital na construção de um futuro mais justo e equitativo para todos os alunos.

Na primeira infância esse trabalho acontece através do lúdico com as crianças, como relata Fernanda. Leitura de livros com protagonistas pretos, cuidados com bonecos de todas as etnias, atividades que valorizem os personagens pretos da nossa história, saídas pedagógicas para lugares que contem a real história dos povos, entre outras propostas que tragam naturalmente a cultura do respeito a todos para a rotina escolar.

Ela garante que se desde cedo os alunos forem envolvidos nessas questões de maneira natural, tudo será mais fácil quando crescerem. E que eles levam para casa essa proposta de mudança. Enfim, é hora de agir coletivamente para erradicar o racismo do ambiente escolar e garantir que todas as crianças possam florescer e alcançar seu pleno potencial.