ANÁLISE

Apenas o vereador Júnior Corrêa (PL) e ex-prefeito Carlos Casteglione (PT) são candidaturas já confirmadas. Esta polarização fortalece o candidato da direita na eleição em Cachoeiro de Itapemirim, ES, cidade governada pelo socialista Vitor Coelho, do PSB, mas que votou em massa em Bolsonaro e Carlos Manato (PL) no último pleito em para governador.

Juninho, porém, ainda não está conseguindo avançar seu diálogo político com setores importantes da cidade, apoios essenciais para a eleição municipal. Ainda falta habilidade de articulação do seu grupo político para sair da bolha da extrema direita.

Já o petista Casteglione tem o desafio de superar a si mesmo para tentar diminuir a grande rejeição que o seu partido de esquerda no Município. Ele tem serviço prestado como ex-prefeito por dois mandatos, com muitas entregas no seu portfólio poderá garantir o apoio do Governo Federal para Cachoeiro bem como a manutenção da parceria com o Governo Estadual. Duelo a conferir.
 
A candidatura da secretária municipal Lorena Vasques (PSB) ainda depende de se viabilizar eleitoralmente. Mesmo com o pesado apoio do atual prefeito e com todos os holofotes do governo municipal inflando o seu nome como Super-Secretária. 

Ela não consegue demonstrar força eleitoral. Ainda assim pode ter sua candidatura confirmada pelo grupo político/econômico que controla a gestão municipal através do atual prefeito. Sua candidatura apresenta o mesmo perfil do atual prefeito que interessa as forças externas de Cachoeiro que após 8 anos no poder municipal ainda não querem largar o osso. Vamos aguardar.

O midiático ‘trio de 2’, formado pelos deputados Bruno Resende União Brasil) e Alan Ferreira (Podemos): e também por Diego Libardi (PRB), que nunca teve mandato, aparece bonito nas redes sociais, mas na prática os projetos individuais continuam a todo vapor. Políticos novos fazendo política velha. Bruno e Alan são deputados estaduais e em tese não teriam nada a perder sendo candidatos a prefeito no maior colégio eleitoral do sul do ES. Ganhando ou perdendo podem sair fortalecidos do pleito sem perderem o mandato de deputado estadual.

Já Diego, político sem mandato, mesmo sendo o nome mais frágil do projeto, agradece ser engolido pelo ‘trio’ para não ser engolido, isto é, esquecido pelo processo eleitoral. Como logicamente os dois deputados estaduais não trocarão seus mandatos para serem vices de ninguém, haveria esperança para Diego ser vice de um dos dois.

Entretanto, Bruno não tem plano de ser candidato, a princípio, a prefeito, mas apenas de liderar o processo eleitoral municipal de Cachoeiro visando sua candidatura a deputado federal em 2026 com o apoio da máquina municipal. Bruno Resende só viria candidato a prefeito se o cavalinho passasse arriado, ou melhor, rastejando, ou seja, como apoio do Allan e o seu Podemos, com o apoio do Republicanos e o seu Diego, com o apoio do PSB incluindo o apoio do atual prefeito Vitor Coelho e do atual governador Casagrande.

No caso desse último então, somente se o PT, aliado da gestão estadual, não lançasse Casteglione. Mas neste caso, Dr. Bruno, como candidato do trio e das máquinas municipal e estadual, poderia ‘salvar’ o Diego do Republicanos, para tê-lo como seu vice pelo PSD, partido já negociado com Renzo Vasconcelos, que quer o apoio do União Brasil para sua candidatura a prefeito de Colatina. Simples geopolítica. Outra opção seria absorver o nome indicado pelo PSB, Lorena Vasques, como sua vice. São quadros dignos de São Tomé, ‘ver para crer’.

Neste ‘trio de 2’, quem deve confirmar candidatura mesmo deverá ser o deputado Allan Ferreira que, além do apoio declarado do Deputado Federal Gilson Daniel, Presidente Estadual do seu partido, o Podemos, também demonstra ter o apoio do Presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Marcelo Santos, que já lhe entregou o PRD e o Solidariedade em Cachoeiro. Neste caso, Allan como candidato sobraria a vaga de vice para Diego na chapa de Allan.

Em tese por dois motivos: primeiro porque o projeto 2026 do Dr.Bruno também inclui lançar sua esposa como deputada estadual em seu lugar em 2026 e para isto ela precisaria ter visibilidade política não apenas como esposa do deputado, mas como vice-prefeita de Cachoeiro.  
 
E é a famosa geopolítica que apresenta ser a segunda, e crucial, barreira para Diego participar do processo eleitoral de Cachoeiro pelo Republicanos. Mais especificamente a geopolítica ideológica entre Vitória/Cachoeiro e os partidos PL/PT. Isto porque a prioridade do Republicanos ES é manter a gestão da prefeitura da capital do estado, Vitória, com a reeleição de Pazolini. Gestão inclusive que absorveu Diego como Secretário Municipal.

Por indicação do partido. Ou seja, como bom soldado do Republicanos, Diego deverá consentir com este projeto maior e garantir mais 4 anos na gestão Pazolini, caso se reeleja, ou na gestão Juninho, caso se eleja. Na prática, o PL ES poderá dar apoio a reeleição de Lorenzo Pazolini (PRB) em Vitória mas exigirá o apoio do Republicanos ao candidato do PL em Cachoeiro, Junior Corrêa. Geopolítica. Simples e aplicada.

Neste contexto, Allan poderá optar por aceitar a adesão como vice a esposa do Bruno Resende ou, caso sua candidatura demonstre competitividade aos olhos do governador para vencer, ou mesmo dividir a direita em Cachoeiro, poderá absorver a candidata do prefeito, Lorena, como sua vice, numa articulação indireta e silenciosa de Casagrande sobre o seu PSB. A conferir.