O piloto suíço Dan Morand, 35 anos, que morreu em um acidente de parapente após saltar da Rampa de Ubá, em Castelo, no Sul do Espírito Santo, tinha anos de experiência, segundo o responsável técnico pela Copa do Mundo da modalidade esportiva Frank Brown. O acidente aconteceu na manhã desta quarta-feira (22) durante uma etapa da competição que está sendo disputada na cidade.

 

'Ele tinha o curso de parapente certificado por uma escola muito rígida da Suíça e anos de experiência", disse Frank Brown.

 

Ainda de acordo com Brown, possivelmente o suíço deve ter se deparado com uma turbulência próximo à montanha da região e perdeu o controle do equipamento que utilizava.

 

"Uma situação que você encontra perto da montanha são as possíveis turbulências. Se você voa e se aproxima da montanha, você sabe que não vai ter tempo de lançar o equipamento reserva. Aí que entra o discernimento do piloto pra assumir o risco", disse.

 

No caso do suíço, segundo Frank Bronw, a experiência no país dele pode ter influenciado na escolha de voar mais próximo da montanha.

"Ele nasceu e cresceu perto de montanhas. Isso pode ter dado uma falsa sensação de controle em casos de turbulência, o que fez com que acontecesse o acidente fatal", disse.

 

Bronw disse que as condições do tempo estavam favoráveis no momento do acidente.

 

"Gosto de comparar o ar com o mar. Sabe dias que você tem ondas gigantes, com turbulência muito forte? Hoje (quarta-feira) foi um dia que a gente interpreta com condições muito boas para um campeonato, mas isso também traz turbulências muito fortes. Em um circuito mundial, isso é considerado um dia perfeito", disse.

 

 

Índice de fatalidade

 

O responsável técnico pelo evento e também 12 vezes campeão brasileiro na modalidade Frank Brown disse ainda que o índice de fatalidade do parapente é menor do que em esportes como montanhismo e base jump.

 

"Há alguns anos, o esporte passou por uma revolução no qual o atletas perderam um pouco a performance para garantir a segurança. O parapente deu dois passos atrás para os pilotos ficarem mais seguros. Exemplo disso é que, para voar, todos os equipamentos utilizados precisam de homologação em relação à resistência e à estabilidade", explicou.

Brown disse ainda que o parapente tem diversas medidas, tanto ativas quanto passivas, para aumentar a segurança dos atletas, a exemplo do briefing que é passado para todos os competidores dias antes do mundial.

"Neste briefing, a gente apresenta toda a área para o atleta e também especificamente sobre a região em que ele voa. Falamos, por exemplo, sobre particularidades do Brasil, que é a possibilidade de encontrar fios, a importância de se afastar de casas e prédios, o que acontece quando encontra um gado, que pode se assustar e atacar, entre outras orientações", explicou.

Apesar de todas as orientações, segundo Frank, o acidentes podem acontecer, mas são raros.

"Em 10 anos, tivemos pouquíssimas mortes em campeonatos mundiais. O que pode acontecer é um incidente, que é quando o piloto usa o equipamento reserva. Apesar disso, a média é um campeonato ter um ou, no máximo, dois incidentes", disse.

 

 

Acidente

 

No final da manhã, por volta de 11h50, equipes do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer) foram acionadas pelo Corpo de Bombeiros Militar para um resgate de parapentista acidentado numa região conhecida como Patrimônio Do Ouro.

Moradores e outros esportistas visualizaram o acidente e acionaram os Bombeiros. Por causa da dificuldade de acesso ao local da queda, um helicóptero do Notaer foi encaminhado para a região, junto com uma equipe aeromédica do Samu, para agilizar o socorro às possíveis vítimas do acidente.

Após sobrevoo da aeronave, profissisonais do Notaer encontraram Dan Morant. A morte do piloto foi constatada no local da queda. A vítima apresentava diversos traumas.