A assessora parlamentar Flávia Zanetti de Carvalho, 47, mantém o cartão de vacinação da filha, Bethânia, de 3 anos, em dia com as vacinas infantis.Ela conta que, ainda hoje, ouve famílias com medo da vacina contra a covid-19 para crianças.“Muitos ainda têm receio e não se informam. Preferem até escutar opiniões contrárias à vacinação. Minha filha tomou a vacina e não teve qualquer reação”, afirmou.Flávia espera que, ao longo do ano, as taxas de vacinação aumentem. Ela faz um apelo às famílias.“Acho importante manter a proteção da minha filha. Faço um apelo a todos: vamos cuidar das nossas crianças. Vacinem seus filhos. A vacina é segura!”.| Foto:Fábio Nunes/ AT

Quatro anos depois do início da pandemia da covid-19, a doença ainda acomete os capixabas, incluindo as crianças.

No Estado, apenas neste ano, dois bebês menores de um ano morreram em razão de complicações relacionadas à covid. O negacionismo científico e as fake news são apontados como motivos do problema, explicam especialistas.

Os dados são da Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (Sesa). No País, 48 crianças e adolescentes morreram por covid-19 em 2024.

O subsecretário de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, aponta que não faltam vacinas nas unidades de saúde, mas as famílias ainda afastam as crianças da vacinação por conta de notícias falsas.

“Percebemos que as fake news ainda estão muito vivas. Há formadores de opinião que compartilham informações sem evidência científica e assustam a população. Infeliz-mente, esse negacionismo afasta a população das salas de vacinação, principalmente o público infantil, que depende muito dos pais”.

O especialista reitera que os efeitos positivos da vacinação contra a covid-19 podem ser observados no decorrer da pandemia.

“Se não tivéssemos vacinas, nem daria para dizer se estaríamos aqui. Nós estamos reiterando à população sobre a importância da vacina para as crianças e buscamos parcerias com escolas, órgãos públicos e outros setores para transmitir essa mensagem”.

A médica pediatra Taís Frigini aponta que, além da baixa vacinação entre crianças, as variantes epidemiológicas sazonais influenciam o número de casos.

“Ainda observamos vários testes positivos. Eu, como médica pediatra, preciso orientar que devemos vacinar as crianças. As opiniões sobre cuidados com as crianças não devem sobrepor as evidências científicas”.

Menos de 2% das crianças imunizadas contra doença

A cobertura vacinal contra a covid-19 entre as crianças está em nível crítico no Estado. Neste ano, apenas 1,16% dos pequenos estão vacinados contra a covid-19.

Os dados foram divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (Sesa). A inclusão da vacina contra a covid-19 pediátrica no Calendário Nacional de Vacinação começou neste ano, e, por isso, a adesão ainda está tão baixa, de acordo com especialistas.

Crianças entre 6 meses e 5 anos de idade precisam tomar três doses da vacina, com intervalos entre as doses de quatro semanas e de oito semanas, respectivamente.

Após os 5 anos de idade, apenas as crianças que integram os grupos prioritários recebem uma dose de reforço em 2024.

No cenário nacional, a cobertura vacinal completa contra a covid-19 não chega a 12%, de acordo com o Ministério da Saúde.

No universo de 3 e 4 anos, 23,1% têm duas doses e apenas 6,7% completaram a cobertura vacinal.

Já entre as crianças de 5 a 11 anos, pouco mais da metade recebeu (56%) duas aplicações, enquanto apenas 12,8% tomaram as três doses.