O último trabalho de Jô Soares, morto aos 84 anos no dia 5 de agosto, será conhecido pelo público em setembro. O humorista, dramaturgo, diretor, escritor e apresentador trabalhava na direção da peça “Gaslight - Uma relação tóxica”, com estreia prevista para setembro, no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo. O espetáculo marcaria o retorno ao palcos de Jô, quatro anos após dirigir e atuar na montagem de "A Noite de 16 de Janeiro".

O ator Giovani Tozi, que faz parte do elenco de “Gaslight - Uma Relação Tóxica” e trabalhava com Jô Soares no espetáculo, usou as redes sociais para homenagear o amigo e contar como nasceu o último trabalho de Jô Soares:

"Gaslight - Uma Relação Tóxica nasceu numa noite de cinema no seu apartamento, quando nós dois assistíamos a versão cinematográfica, de 1944, estrelada por Ingrid Bergman. Fiz o convite arriscado pra levarmos à história aos palcos, ele topou, afinal 'teatro é trapézio sem rede', e homem de teatro que é, nunca teve medo de desafios", escreveu Tozi.

Tozi, contou ainda que Jô Soares era um diretor exigente, que buscava a perfeição e estava atento aos detalhes:

"Foi o homem mais generoso que eu já conheci. Um menino curioso, que trabalha incansavelmente e sabia a importância disso, do trabalho. É no trabalho que sempre buscou a perfeição e não admitia nada abaixo disso. Orquestrava a encenação de uma peça com mais de 20 atores, sem deixar de reparar no botão do figurino de uma atriz", escreveu Tozi.

Tozi descreve Jô Soares como gênio e homem de grande cultura. "Falo do lugar de quem teve o privilégio de mergulhar na sua história."

A peça “Gaslight - Uma Relação Tóxica” foi escrita pelo inglês Patrick Hamilton e retrata um homem a própria mulher sob seu controle fazendo com que ela duvide de sua própria sanidade ao abaixar as luzes da casa e negar qualquer alteração no entorno.

O texto foi adaptado para o cinema em 1940, com direção de Thorold Dickinson, e é a origem do termo gaslighting, usado sobretudo para descrever a ação de um agressor que faz com que a pessoa agredida duvide de si mesma e de sua sanidade. O termo ganhou maior repercussão nos últimos anos graças à quarta onda feminista.