Desde o fim da década de 1980 as ruas capixabas contam histórias por meio da arte do graffiti

A cultura Hip-hop representa a união de quatro elementos fundamentais: DJ (base/música), MC (canto/poesia), B-Boy e B-Girl (dança) e graffiti (arte visual). No próximo dia 12 de novembro, o mundo inteiro comemora o Dia Mundial desta cultura que a cada dia que passa, ganha mais adeptos.

Para se ter uma ideia da amplitude que o Hip-hop atingiu, o rap – música produzida na junção entre o MC e o DJ – é o gênero musical mais tocado no mundo, segundo levantamento da plataforma Spotify.

Mas não apenas isso. Cidades em todo o mundo estão cada vez mais coloridas pela arte do graffiti. Na Grande Vitória não tem sido diferente. Com a popularização dessa arte, capixabas com talentos fora do comum têm sido convidados para grafitar em diversas partes do país e até em outros lugares do mundo.

Mas tudo começou em 1988, quando Edson Sagaz, um dos pioneiros no movimento Hip-hop capixaba, fundador do grupo Suspeitos na Mira, realizou o que foi considerado o primeiro graffiti na cidade de Vitória. Fredone Fone, AQI Luciano, Iran, Fagundes e outros são nomes que ajudaram a escrever a história do graffiti no Espírito Santo, formando a base para que uma próxima geração de grafiteiros alçasse voos maiores, inclusive internacionais.

O grande feito mais recente foi do guarapariense Liam Bononi, que fixou residência em Liverpool, na Inglaterra, nos últimos tempos. Na cidade em que reside atualmente, pintou, no início de outubro, um painel gigante de cerca de 12 m x 12 m, na parede da The Wedding House, uma peça de arte realista que chamou a atenção da mídia especializada.

Liam Bononi tem 27 anos, grafita desde os 13, e tem a obra espalhada em seis países: Brasil, Inglaterra, Suécia, Noruega, Dinamarca e Itália. “Me inspiro na transformação que é preciso acontecer nas situações. Um ser humano precisa ser mudado e tento expressar tudo isso no meu trabalho”.

Crew

Natural de Vila Nova de Colares, na Serra, Starley Bonfim é integrante da mesma “crew” de graffiti de Liam Bononi, a F.G. Crew, que conta ainda com a representatividade feminina de Keka.

Junto a Liam Bonani, Starley Bonfim também grafitou painéis da Dinamarca, Suécia e Noruega. Ele é um dos grafiteiros capixabas mais ativos, sendo responsável pelo evento Origraffes, que reúne grafiteiros de renome de todo o país, além de representantes dos demais elementos da cultura hip-hop.

Graffiti de Starley, da Serra, em Copenhage, na Dinamarca. Foto: divulgação

Influenciado por Fredone, AQI Luciano e Fagundes, Starley Bonfim também é adepto do estilo realista e afirma que busca desenvolver trabalhos que dialoguem com as pessoas “com obras que remetem a questões sociais ou estimulem o prazer em viver em coletividade, fazendo o bem, valorizando a riqueza da simplicidade, propondo e reforçando ideais existentes”. Em setembro e outubro, Starley junto a outros grafiteiros, deu vida a grande murais em Jardim da Penha e também no Centro de Vitória.

Outros nomes, entre eles Ficore, Nico GDT, Art Oi, Felvint2, Ed Brown e vários outros continuam escrevendo a história do graffiti capixaba pelas ruas do Espírito Santo, enchendo as diversas vias cinzas de vida e significado através da arte.