Há uma sensação recorrente de que o corpo sempre envia sinais quando não está saudável, especialmente quando ocorrem sintomas como febre e dor. No entanto, o que muitas pessoas não sabem é que existem doenças que não apresentam sintomas nas fases iniciais. E isso pode atrasar o tratamento ou dificultar as chances de cura.

 



O médico cirurgião de cabeça e pescoço Marco Homero de Sá explica que o Linfoma de Hodgkin é um exemplo. A doença dá poucos sinais e os sintomas na fase inicial, como caroços em algumas regiões do corpo, no pescoço e nas axilas, podem passar despercebidos. "Há o grande risco de que o diagnóstico precoce não seja feito. E, muitas vezes, quando o paciente descobre a doença, a progressão já está acelerada, tornando-se um câncer avançado", alerta.

 

 



Outra doença que merece atenção é a endometriose, realidade de cerca de 10% da população feminina do Brasil, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com a ginecologista Thaissa Tinoco, os sintomas mais comuns são cólicas menstruais intensas e desconforto na relação sexual. "Mas muitas vezes, quando os sintomas são mais brandos, as mulheres julgam serem normais. Nesses casos, o diagnóstico precoce se torna mais difícil", lamenta.

 

 


O câncer de ovário, mesmo quando já está avançado, tem sintomas que podem ser confundidos com manifestações comuns de outras enfermidades, como a sensação de indigestão, explica a oncologista Virgínia Altoé Sessa. "O tumor é o terceiro câncer ginecológico mais comum entre as mulheres. Ele geralmente se manifesta no período posterior à menopausa, mas pode acometer jovens em idade reprodutiva".

 

 



A médica alerta que não existe um exame de rastreio para o câncer de ovário, como a mamografia, para o de mama; e o Papanicolau, específico para detectar o câncer de colo de útero. Por isso, a recomendação é que as mulheres não faltem às visitas anuais ao ginecologista, além de ficarem de olho no seu histórico de saúde familiar. "O tumor de ovário é o mais letal dos tumores ginecológicos. Então, quanto antes for detectado, maiores serão as opções de tratamento".

 

 



As doenças intestinais inflamatórias também podem ser silenciosas e causar problemas sérios quando não diagnosticadas corretamente e precocemente. De acordo com informações do Ministério da Saúde, cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com alguma das enfermidades do intestino e os números estão em ascensão.

 

 



Para o cirurgião do aparelho digestivo Gibran Sassine é preciso que as pessoas fiquem atentas aos sinais do corpo. "A síndrome do intestino irritado (ou SII) é uma doença silenciosa e que não tem uma causa orgânica específica. Ela pode ser causada por fatores como estresse e ansiedade. O paciente sente dor abdominal e intestinal, diarreia e alterações nas fezes", diz.

 

 

O especialista explica que as doenças intestinais podem impactar na diminuição significativa da qualidade de vida dos doentes, sobretudo se não estiver controlada.

 

 



A boca também pode abrigar situações graves, como a periodontite. Quando os sintomas não são observados no início, desencadeiam problemas sérios. De acordo com a cirurgiã-dentista especializada em odontologia oncológica, Beatriz Coutens, a periodontite raramente causa dor, o paciente pode conviver por anos com esta condição, antes de chegar a um diagnóstico da doença. "É muito importante um acompanhamento periódico com um profissional especializado para detecção precoce desta doença, que pode causar a perda do dente".

 

 

 

Outras doenças como diabetes, hipertensão, depressão, hepatites também precisam de atenção. Todas são silenciosas e têm sintomas que podem ser confundidos com outras enfermidades, além de passarem despercebidos.

 

 

Por isso, é preciso estar atento às condições associadas ao maior risco de desenvolver esses quadros, muitas delas agravados durante a pandemia, como o sedentarismo e a obesidade. É importante se conhecer, ouvir os sinais que o corpo dá, e não menosprezar nenhum sintoma mais recorrente.