O superintendente da Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim, ES, padre Evaldo Ferreira, não suportou as críticas do médico sobre o sucateamento do hospital, falta de transparência e terceirização do Pronto Socorro, através de OS`s, além do fechamento da maternidade. O médico Roberto Bastos, 30 anos no corpo clínico, autor das denúncias, foi expulso por estes motivos, com precedentes falsos.

O médico foi comunicado hoje à tarde pelo Conselho Deliberativo de que não poderia mais entrar nas dependências do Hospital. Mas, antes, foi comunicado por sua paciente, que seria operada amanhã, por uma carta sobre o impedimento da cirurgia e transferência do procedimento por outro colega. Um constrangimento. Roberto Bastos sofre perseguição desde quando denunciou as condições precárias da Santa Casa.

As denúncias

O fechamento abrupto da maternidade em comunicado no dia 28 de dezembro, em que o padre assina a transferência para o Hospital Infantil, foi o ponto de desconfiança da relação na gestão do padre. A Santa Casa recebia R$ 260 mil do Estado e o HIFA assim que recebeu a maternidade passou a receber cerca de R$ 750 mil. O negócio foi chamado de "treta" por um outro médico do Corpo Clínico.

A falta de transparência no contrato da terceirização do Pronto Socorro através de OS`s, Organização Sociais Sem fins lucrativos, pago com recursos do Estado, outro motivo que pode cair na malha fina da investigação e fiscalização do deputado Euclério Sampaio (PDSC). O parlamentar é denunciante desse esquema desde do governo Paulo Hartung. Ele quer a revisão de todos os contratos com OS`s do Estado com Hospitais que tem convênio com o Governo e faz solicitação ao atual governador Renato Casagrande que ajude no combate à Máfia da Saúde.

O médico Roberto Bastos começou sofrer perseguição quando anunciou desejo de se tornar Diretor Clínico da Santa Casa em defesa da modernização do hospital, do corpo clínico e dos funcionários. O fato de criticar retenção de pagamento de médicos e atraso de salários, comprometendo o atendimento, com mortes de pessoas, desagradou sobremaneira o Superintendente que buscou apoio da vereadora Renata Fiorio (PSD) e de alguns médicos para refutar as críticas.

A expulsão do médico poderá virar caso de política, levantar atenção do Ministério Público, intervenção institucional e demandas judiciais. Roberto Bastos é membro do corpo clínico há 30 anos e o padre Evaldo Ferreira superintende menos de 3 anos. O médico vinha defendendo a criação do Hospital da Mulher na Santa Casa e o fortalecimento do corpo clínico para assumir os serviços em vez de terceirizá-los.

O caso não envolve a imagem da Santa Casa, mas possíveis irregularidades em contratos de terceirização e entrega de serviços por conta de vantagens recebidas nessas transações ainda não esclarecidas. Resta saber como vai se comportar os médicos com essa atitude preconceituosa da direção do Hospital a um dos seus membros, com pretexto de carta marcada. O padre, nos bastidores, sobre Roberto Bastos se tornar Diretor Clínico, ameaçava: "Ou eu ou ele". 

Quando procurado para se manifestar sobre sua expulsão, o médico Roberto Bastos disse que não se sentia, ainda, à vontade sobre o assunto, desligando o telefone.

A FOLHA tem documentos comprovando que o padre mentiu para a sociedade sobre o fechamento da maternidade. Amanhã, mais divulgação sobre verdades por trás dessa polêmica.

DOCUMENTO DE DESLIGAMENTO DO MÉDICO