No dia 12 de abril, movimentos de direita reunidos em São Paulo já anunciavam, em uma transmissão ao vivo pelas redes sociais, a convocação para as manifestações previstas neste domingo (26) pelo país.

 

Hoje, as reivindicações consonantes são aprovação da reforma da Previdência, combate à corrupção e apoio a Jair Bolsonaro (PSL).

 

Na época, porém, as pautas não eram exatamente essas -elas sofreram uma reviravolta em meio ao racha de grupos de direita e à divisão dentro do partido do próprio presidente da República sobre a pertinência de ir às ruas.

 

Quando foram gestados, os atos foram apresentados principalmente como uma mobilização contrária ao STF (Supremo Tribunal Federal) -embora a defesa da Previdência e do pacote anticrime do ministro Sergio Moro (Justiça) também estivesse colocada.

 

Depois, as manifestações pró-governo ganharam impulso como uma tentativa de resposta aos protestos do último dia 15 de maio, contrários ao bloqueio de recursos da educação determinado por Bolsonaro e que levaram milhares de pessoas às ruas em mais de 170 cidades brasileiras.

 

De lá pra cá, na esteira dos embates entre Bolsonaro e o Congresso, ganhou força o descontentamento com o centrão (grupo informal com cerca de 200 deputados de partidos como PP, DEM, PRB, MDB e Solidariedade). E o lema "Brasil contra o centrão" ganhou corpo -é nome do principal ato marcado para este domingo em São Paulo, na av. Paulista, a partir das 14h.

 

Na live de abril, que começou com o Hino Nacional e terminou com um pai-nosso, os representantes dos movimentos falam em "manifestação contra Gilmar Mendes e [Dias] Toffoli", em "ditadura do Judiciário", que as ruas darão "resposta imediata ao STF", que o STF é uma "vergonha nacional" e até em "derrubar o STF, que só tem canalha, vagabundo".

 

Willian Bull, do Movimento Avança Brasil, um dos principais envolvidos nos atos, diz no vídeo que "os movimentos estão baseados na Constituição, mas estão baseados principalmente naquilo que rege a população, que é um negócio chamado vergonha na cara e que está faltando muito em várias instituições que representam o Estado brasileiro, mas não estão representando a população".

 

O pano de fundo, em abril, era o inquérito aberto por Toffoli para apurar fake news e ofensas ao STF, o que foi visto pelos movimentos como uma mordaça. "Isso estava a flor da pele. [...] Mobilizou a fala de todos nós, inclusive a minha. A carga das falas se deveu à circunstância do momento", diz Bull à reportagem.