Uma “nova cidade” começa a surgir na região Noroeste do Estado, ao longo do curso da BR 381, entre a sede do município de Barra de São Francisco e a localidade de Bananal, na divisa de Minas com o Espírito Santo, onde, em 1963, foi celebrado acordo entre os governadores Magalhães Pinto (MG) e Francisco Lacerda de Aguiar (ES) para colocar fim às disputas entre os dois Estados pela chamada região do Contestado. 


Empreendedores estão investindo no lado capixaba, fazendo prever o surgimento de um novo espaço comercial, mais dinâmico e moderno, depois que a área onde se desenvolveu o aglomerado urbano de Barra de São Francisco tornou-se saturada e sem espaço para crescimento. 

A nova demanda surgiu com a mudança de perfil da população, a partir dos anos 80, quando começaram a se registrar as primeiras jazidas de granito no município, que hoje é o maior produtor dessas rochas ornamentais no Estado.

Prefeito que atentou para essa nova realidade, o hoje deputado Enivaldo dos Anjos (administrador municipal de 1989 a 1992) ampliou a área urbana, criando espaços para novos bairros ao redor do centro e também uma Vila Industrial.


 “Agora, temos essa nova realidade, com a abertura de uma frente de crescimento em direção a Minas Gerais. A obra que deverá impulsionar esse novo centro é o hipermercado que está sendo erguido pelo empresário Maurício Toledo, do grupo Toledo, que já lidera a área de mineração. Em torno dessa obra o empresário Alair  Costa já abre novos lotes que deverão sediar empresas satélites para aproveitar o fluxo de pessoas da nova loja de atacado e varejo”, comentou o deputado. 

FERROVIA


Para o jornalista e geógrafo José Caldas da Costa, que, apesar de ser natural do Sul do Estado, acompanha há mais de 30 anos essa movimentação da economia do Norte e Noroeste, essa tendência de expansão de Barra de São Francisco deverá atrair um movimento também dos mineiros, expandindo o centro urbano de Mantena em direção à divisa. 


“A expectativa de construção de novos modais logísticos na região, integrando o novo porto de Urussuquara, da Petrocity, com a nova ferrovia Minas- Espírito Santo, certamente já está refletindo na região, ainda que esteja na fase de projetos. Barra de São Francisco está programada para receber uma Unidade de Transbordo e Armazenagem de Cargas (UTAC), com forte impacto em toda a região. As duas cidades deverão se encontrar na divisa formando um novo conglomerado urbano de 150 mil a 200 mil habitantes nos próximos anos”, disse José Caldas. 


Segundo o geógrafo, a nova configuração da região Noroeste começou com um processo cujo início ele acompanhou como jornalista na segunda metade dos anos 80. “Havia uma febre em torno do granito, inicialmente explorado de forma muito artesanal, mas nos anos seguintes vieram novas empresas para beneficiar as rochas na própria região, houve uma modernização e a atração de uma mão-de-obra mais qualificada, de melhores salários e impactando a economia local. Isso se projeta na configuração urbana e industrial. O que se precisa, agora, é de gestores públicos melhor qualificados para aproveitar esse novo momento”, disse o geógrafo e jornalista.


A perspectiva desse impacto foi confirmada pelo presidente da Petrocity, José Roberto Barbosa da Silva, que tem feito seguidas viagens a Brasília para implementar o projeto da ferrovia, que ligará São Mateus a Sete Lagoas (MG), numa extensão de 550km. “O início das obras do porto está dependendo   apenas da licença ambiental, que é a última. Em Brasília, já está tudo autorizado. Já entramos, inclusive, com o pedido de licença de construção na Prefeitura de São Mateus”. 

 Deputado Enivaldo dos Anjos (administrador municipal de 1989 a 1992) ampliou a área urbana, criando espaços para novos bairros ao redor do centro e também uma Vila Industrial.


Caldas salienta que “as lideranças do Norte e Noroeste do Estado precisam estar sintonizadas com esses projetos, trabalhando pela integração  Norte, com uma ligação mais direta entre Barra de São Francisco, Nova Venécia e São Mateus, permitindo maior interação econômica, social e cultural, criando-se o corredor Norte. O Porto e a Ferrovia são estratégicos, mas deve haver um novo corredor rodoviário moderno, talvez a BR 381”.