Com falta de diálogo, segundo pior salário do país e com escala de trabalho excessiva, a Polícia Militar do Espírito Santo está próxima de colapsar

É o que diz um documento elaborado e assinado por 15 coronéis da ativa da Polícia Militar do Espírito Santo. A carta foi enviada ao secretário Segurança Pública e Defesa Social (SESP), Alexandre Ofranti Ramalho, e trás alguns alertas das condições precárias vivenciadas pela PM capixaba.

Segundo relatório, o governo tem agido com ”procrastinação” para resolver problemas institucionais. E esse ainda, acusa a cúpula da SESP de ”menosprezar” os oficiais nas questões decisórias da Corporação.

Muito embora essa competência funcional que a carreira nos impõe ao processo decisório da Corporação, atualmente, essa atribuição tem sido menosprezada e, enquanto colegiado, estamos afastados desse processo.”

Em outro trecho, o documento expõe a falta de uma política de valorização da classe por parte do governo estadual. Citando a retardação da aplicação de concurso público para recomposição dos quadros de pessoal e também a má remuneração, que coloca a tropa com segundo com pior salário no país.

Prerrogativas do posto, concursos públicos, processos legislativos, direitos dos militares estaduais, procedimentos administrativos e operacionais, são temas proeminentes e não tratados pelo nível estratégico da PMES. Para se ter ideia do quadro em que nos encontramos, somos uma das polícias mais mal remuneradas do país (últimas posições em 27 estados) e com previdência divergente do Sistema de Proteção Social (lei 13.954), com abate teto consumindo a remuneração dos nossos postos, deixando no mesmo patamar um Coronel aposentado e um Major da ativa antigo. Um soldado está penando para pagar suas contas. Tudo isto num estado com nota ‘A’ no tesouro.”

Os coronéis reclamam na nota que as informações chegam a eles de forma não oficial, por ”redes sociais e por subordinados dos níveis tático e operacional.” Indicando que o comando da Secretaria, que é constituído por políticos, teria os boicotado de terem conhecimento do que acontece na PM.

Ainda dizem que Por inúmeras vezes, solicitamos ao Comandante Geral a abertura do diálogo e a prática da liderança junto a seus Coronéis para compartilhar os assuntos estratégicos e de interesse da Corporação. Porém, não houve êxito até o momento, com a omissão dessa assessoria ou procrastinação de soluções institucionais sugeridas.

O documento traz também a preocupação dos coronéis com a possibilidade de uma nova paralização da Polícia Militar.

”A preocupação maior é certamente a formação de um cenário, já presenciado em tempo pretérito, onde a ausência de diálogo conduziu para consequências inesquecíveis e danosas para toda Corporação.”

O clima de pseudo normalidade, com a esperada atuação operacional e de desempenho da PMES, não se sustenta no tempo, sem a participação de todos os níveis envolvidos. Já se identificam queixas de excesso de trabalho e que conduzem nosso policial ao estresse e ao cansaço físico, trazendo prejuízos ao desempenho da atividade policial militar e problemas de ordem familiar.

Eles ainda pediram uma reunião urgente com secretário Ramalho, em vista, ao ”estado de alerta”, que poderá desencadear na paralização da tropa.

”Por condução a este estado de alerta, requerer [mos] uma reunião presencial e colaborativa com vossa excelência [secretário], em regime de urgência.”

 

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