Após sua prisão por ordem do Ministro Alexandre de Moraes, a pedido da Procuradora Geral de Justiça indicada pelo governador Renato Casagrande (PSB), o deputado estadual Capitão Assumção (PL) aumentou bastante sua popularidade entre eleitores de direita e centro direita. Apoiado pelo ex-Presidente Jair Bolsonaro, ele pode seguir a mesma trajetória de Tarcísio de Freitas, Governador eleito de São Paulo em 2022, polarizando nas eleições para Prefeitura de Vitória com o deputado estadual João Coser do (PT), que seria seu Haddad, derrotado na ocasião no 2º turno.

Nesse caso, o atual Prefeito de Vitória Lorenzo Pazolini (PRB) cumpriria o mesmo papel de Rodrigo Garcia, ex-Governador de SP que, mesmo com a máquina na mão nas eleições de 2022, ficou em 3º lugar no 1º turno, vendo a dupla Tarcísio-Bolsonaro e Haddad-Lula disputarem o 2º turno. Tarcísio começou oscilando entre 3º e 4º lugar, subindo no decorrer da campanha até terminar em 1º lugar no 1º turno e ser eleito no 2º contra Haddad do PT apoiado por Lula.

COMPARAÇÃO

O cenário paulista das eleições de 2022 para o Governo daquele Estado parece se desenhar na eleição para a Prefeitura de Vitória. Há três candidaturas competitivas, em pé de igualdade, mas só duas irão ao 2º turno: Capitão Assumção apoiado por Bolsonaro, João Coser apoiado por Lula e Lorenzo Pazolini apoiado pela máquina da Prefeitura. Antes de sua prisão, Assumção estava na 3ª colocação na disputa para a PMV deste ano, com João Coser do PT em 2º e Pazolini em 1º, numa situação pouco confortável para quem está no comando da máquina e de risco eleitoral.  

Além da falta de fundamento, a prisão de Assumção foi um erro jurídico e político em ano eleitoral, transformando o deputado em um mártir vivo. Ele vive fenômeno idêntico ao que está ocorrendo com outros presos políticos no ES por ordem de Alexandre de Moraes, a pedido da Procuradora Estadual Luciana.

Analistas políticos já enxergam Capitão Assumção e João Coser terminarem o 1º turno polarizando a eleição, assim como Tarcísio e Haddad nas eleições de 2022 em SP.  Eles disputariam o 2º turno, deixando Pazolini de fora da disputa, mesmo com a máquina na mão, à exemplo do que ocorreu com o então Governador Rodrigo Garcia em SP. Pazolini hoje está mais para o perfil de “isentão” de Garcia, sem abraçar as bandeiras da Direita. Tampouco se notabiliza por ser um grande gestor ou articulador, não sendo esse um ativo que lhe desse autoridade para virar o rosto às pautas do eleitorado que lhe elegeu.

IDEOLOGIA

Até pelo seu perfil mais ególatra e narcisista, o que sempre acompanha algum traço de covardia, o atual Prefeito de Vitória busca se distanciar da polarização no país. Ele nunca abraçou verdadeiramente as pautas da Direita e o debate sobre o Estado de Direito e de exceção no país, deixando o eleitorado patriota à deriva, sem se sentirem representados na Prefeitura de Vitória. Ele decidiu não ser uma voz da Direita, com medo do cenário atual de conflitos com a esquerda no ES e no Brasil. Ao contrário de quando disputou a Prefeitura de Vitória em 2020, em que jurava ser o candidato da Direita, a ponto até da revista VEJA o chamar de candidato Bolsonarista em Vitória, como ele próprio se apresentava. Isso lhe foi conveniente e o ajudou em sua eleição. Hoje ele foge desse rótulo, como o diabo foge da cruz, mas quer manter esse eleitorado fiel a ele, sem ele ser fiel a esse eleitorado. Pesquisa recente mostrou que a maioria das pessoas em Vitória se classificam como de Direita.

No cenário de Vitória, o jornal prevê que a diferença de votos para definir as duas candidaturas que irão ao 2º turno será apertada, como ocorreu entre os deputados estaduais João Coser (PT) e Fabrício Gandine (PSD) no pleito de 2020, em que o petista passou o candidato da máquina municipal (Gandine) por 1000 votos e foi ao 2º turno com o atual Prefeito Pazolini. Gandini estava bem avaliado, era o favorito no começo das eleições, 1º lugar nas pesquisas e tinha acabado de ocupar o cargo de Super Secretário da PMV, com o então Prefeito Luciano Rezende. Pazolini oscilava entre o 3º e 4º lugar nas pesquisas da eleição de 2020 para a PMV.

AMEAÇA

O atual Prefeito de Vitória já teme o efeito Assumção que ameaça sua reeleição, confirmando a análise do jornal de que ele (Assumção) pode ser nas eleições de Vitória o Tarcísio de SP. Assumção está sendo agressivamente atacado por cargos comissionados da PMV em redes sociais. A estratégia desses ataques em vídeos profissionais viralizados na internet é elogiá-lo e dizer que a Direita vai perder um deputado estadual se ele disputar a Prefeitura de Vitória, ocultando que Assumção permanece no mandato se não ganhar a eleição.

Ocorre que curiosamente Pazolini fez o mesmo do que acusa Assumção, através de seus comissionados: era deputado estadual e disputou a eleição para Prefeito de Vitória no meio da legislatura, o que o levou a sair do mandato parlamentar para assumir a Prefeitura. Essa estratégia de ataque a Assumção no modelo “fura beijando” é prova concreta do medo de Pazolini perder seu lugar para ele no 2º turno, que pode ser com João Coser do PT. Nesse caso, Pazolini ficaria em 3º lugar, sendo nas eleições de Vitória o Rodrigo Garcia das eleições de SP em 2022.

O atual Prefeito de Vitória Pazolini, isentão por conveniência, já começa a apresentar alguns traquejos políticos, descongelando a então primeira dama, de quem estava separado, para melhorar sua imagem conservadora de família. Ele estava morando com a mãe, mas nunca assumiu a separação por questões políticas. Sua ex-mulher promotora já disse aos berros em festas com amigos que não aceitaria a separação. Hoje, em ano eleitoral, ela está sendo exposta por ele como nunca.

"SAUDOSISMO"

Pazolini passou os quatro anos de mandato curtindo baladas e micaretas com recursos da PMV, contratando bandas de sua época de juventude, para curtir um sentimento de nostalgia com bastante bebida alcoólica e mulheres. Em camarotes reservados em áreas pagas com dinheiro público, o que é proibido, ele revivia seus anos dourados com as bandas de sua geração, sendo adulado como o rei do camarote. O prefeito já foi visto alcoolizado inúmeras vezes e assediando mulheres, inclusive casadas, o que lhe rendeu posts de acusações nas redes sociais. Alguns de seus “casos” ocupam cargos comissionados na PMV, sustentadas com dinheiro do contribuinte.

Sua gestão tem tido algumas realizações, mas não se notabiliza por nada em especial. É o Prefeito das obras? Não. É o Prefeito dos valores? Também não. É o que, então? Hoje, é o Prefeito de si mesmo, com um projeto pessoal e personalíssimo bem definido, de colocar um vice de confiança em sua chapa à reeleição, como o Secretário Aridelmo Teixeira, para disputar o Governo Estadual em 2026. Se eleito, Pazolini fará igual a João Dória em SP: vai largar a Prefeitura de Vitória após um ano e meio para disputar as eleições de 2026, deixando a máquina municipal na mão do vice. Nesse caso, o Prefeito tem que sair do mandato para disputar o Governo, ao contrário do que ocorre com um deputado, que não precisa fazê-lo para disputar a Prefeitura. E lembrando que não adianta nem pedir que Pazolini assine um compromisso de não sair do cargo se reeleito, já que ele disse que não disputaria a reeleição, mas gostou da fruta e não cumpriu.