A Imprensa como era conhecida há meio século não existe mais. Foi assassinada pelo Estado de Exceção. Sua credibilidade foi reduzida a pó. A liberdade de expressão, pedra angular do direito e obrigação de informar, foi sequestrada pelos poderes representados pelos seus agentes de forma sorrateira, gradualmente, até ao triste fim.

Há meio século, a anotação de um repórter numa surrada cadernetinha, tinha fé junto aos leitores e à fonte.  A Imprensa, juntamente com a Igreja e Corpo de Bombeiro, figurava em pesquisas regulares como segmento de maior credibilidade. A concorrência era diária pelo furo de reportagem. O erro, hoje, denominado fake news era a infeliz “barrigada”, chargão jornalístico para designar informação equivocada. 

Já foi tempo que a Imprensa foi considerado quarto poder. Hoje, sua essência mercantilista a serviço comprado pelo poder político e econômico, o jornalismo se presta a uma assessoria luxo conveniente, formando conglomerados sem disfarce. Enquanto os menores meios de comunicação, buscando migalhas caídas dessas mesas, disputam “ajudas na qualidade de chapas brancas” de forma antropofágica. 

INTERNET

A internet e suas plataformas plurais está com a sua liberdade por um fio no quesito informação. A regulação, ainda sem forma de lei, já funciona alheia à inteligência artificial e vem com  tudo no modo esperteza neural. Acreditam que o controle amenizar em quase zero as crítica e denúncias contra os malfeitores de colarinhos brancos. Era para o cidadão, agora, informar e ser informado, sem o medo já imposto pela censura política e ideológica.

Grandes nomes do jornalismo nacional foram expulsos das redações convencionais da Imprensa vendida, migrando para plataforma de redes sociais para produção de conteúdos independentes sob a égide de frequentes ameaças da parte de um Judiciário opressor e que serve a esse establishment  em mutação constante de preservação da sua corte e com seus vassalos.

Enquanto as anotações com uma caneta big tinha fé pública, com a morte da liberdade de expressão em detrimento da preservação obscura do direito à privacidade dos homens públicos - que incoerência - , filmagem, gravação ou até a confissão dos marginais do sistema não são considerados de materialidade inequívocas. A condenação pode ser “descondenada”. O certo é errado e o errado é o certo.

Os crimes contra a honra não são nem mais instrumentos de defesa ou acusação dos ofendidos. Preferem criminalizar a opinião independente dos poucos jornalistas sobreviventes a este sistema medieval de patrulha ideológica à semelhança da Gestapo. Buscam intimidar e mutilar os defensores da Democracia plena. São “milicianos” da escrita. Aqui foi o tiro fatal na Imprensa que era livre. 

O jornalismo embalsamado representa um dos círculos da Divina Comédia de Dante em que a “nuca come a boca”.