Macacos programados geneticamente para expressar um gene ligado ao autismo acabam de ser criados em laboratório por pesquisadores americanos e chineses. Os animais apresentam traços comportamentais e padrões de conectividade cerebral similares aos registrados em humanos e poderão ser usados para testar novas drogas e tratamentos contra o autismo e outros transtornos neurológicos.

"O nosso objetivo era criar um modelo que nos permitisse entender melhor o mecanismo biológico do autismo e testar opções de tratamento que possam ser eficientes em humanos", explicou um dos principais autores do estudo, Guoping Feng, do Instituto McGovern para Pesquisa do Cérebro, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA.

Até agora, muitos testes de novos tratamentos e drogas eram feitos em camundongos geneticamente modificados, mas nenhum deles foi bem sucedido. Como os macacos são mais parecidos com os humanos, cientistas esperam que serão um modelo de testagem mais eficiente.

"Nós precisamos urgentemente de opções de tratamento para desordens do espectro do autismo, e os tratamentos desenvolvidos com camundongos não foram bem sucedidos", disse o diretor do Instituto do Cérebro do MIT, Robert Desimone, que também é autor do estudo.

"As pesquisas com os camundongos continuam sendo muito importantes, mas acreditamos que os primatas nos ajudarão a desenvolver medicamentos e, possivelmente, até terapias genéticas para as formas mais severas de autismo", complementou.

Huihui Zhou, do Instituto de Tecnologia Avançada de Shenzhen; Andy Peng Xlang, da Universidade Sun Yat-Sem; e pesquisadores da Universidade Agrícola de Shihua Yang, na China, também participaram do estudo, publicado esta semana na revista Nature, uma das mais importantes revistas científicas do mundo.