Você já ouviu falar de "lean"? A bebida que mistura codeína , refrigerante e balas de goma tem se tornado cada vez mais popular entre jovens de todo brasil. Criada nos Estados Unidos, durante a cena do  blues, em 1960, é também conhecida como purple drank , sizzurpe e syrup , e pode levar pessoas à síndrome de abstinência e até mesmo à morte.

No Brasil o lean se tornou famoso em 2015, e vem ganhando potência por sua predominante aparição em clipes musicais norte-americanos, em que  artistas aparecem com copos de isopor brancos cheios de gelo e, claro, a “bebida roxa”. Em sua composição, além da codeína, que é um derivado do ópio usado como anestésico contra dores moderadas e graves e em tratamentos oncológicos, usa-se prometazina, um antialérgico que aumenta o efeito de sedação.

De acordo com um levantamento realizado pelo site americano Motherboard , o consumo de purple drank chamou a atenção do governo dos EUA depois de registros numerosos de mortes por overdose. Segundo o relatório oficial da comissão presidencial, cerca de 142 pessoas vêm a óbito por dia devido ao uso de opioides, o que se igualaria à quantidade de mortos nos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 a cada três semanas.

NO BRASIL


Uma página na internet e um perfil em uma rede social oferecem o produto. O vendedor é de Florianópolis. Várias fotos mostram a bebida. Em algumas, também tem maconha. Ele diz fazer entrega para todo o país. Com conhecimento da Vigiância Sanitária, a RBS TV fez contato para comprar.

A mãe dele descreveu outra situação. "Ele vira a noite usando. Ele perdeu o emprego em função disso. A família está toda desestruturada também em função da dor que todo mundo esta vivendo".

O filho dela é uma das primeiras vítimas de uma droga que tem vários apelidos. O mais conhecido é o purple drank, que em português significa bebida roxa. É uma mistura de refrigerante com um remédio receitado normalmente para aliviar a tosse.

Comercialização ilegal

 


Para a Vigilância Sanitária, a venda é proibida. "Esse não é um medicamento comercializado no Brasil, essa associação codeína e prometazina", disse a diretora da Vigilância Sanitária de Santa Catarina, Raquel Bittencourt.

A negociação entre a RBS TV e o vendedor foi em uma conversa privada. O vendedor disse que o xarope vem dos Estados Unidos. Confirmou que é à base de codeína e prometazina. Disse que já vendeu mais de 100 frascos e que muitas pessoas tomam e não estão viciadas.

"Não sendo um medicamento autorizado no Brasil, o comércio é ilegal", enfatizou a diretora da Vigilância Sanitária.

Dependência

 


O psiquiatra contestou. "Os opioides estão entre as drogas que provocam mais dependência, haja vista os fenômenos de abstinência dessa droga: contrações musculares, náuseas, mal-estar, cólicas intestinais. Até mesmo crises convulsivas. O indivíduo, então, com esses sintomas de abstinência, tende a voltar a ingerir a substância. Então é uma droga que jamais poderia ser usada de forma recreativa".