Em Guayaquil, a segunda maior cidade do Equador, as funerárias entraram em colapso. Não há caixões para todos os mortos e os cemitérios não conseguem atender a todas as famílias. O país registrou o primeiro caso da covid-19 no dia 29 de fevereiro. Hoje (2), são 2.758 casos confirmados e 98 mortes.

O governo do Equador informou que, ontem (01), retirou 150 corpos que estavam em casas na cidade de Guayaquil. Famílias relatam que alguns mortos permaneceram até três dias em casa, esperando pelos serviços funerários. No dia 11 de março o país declarou estado de emergência sanitária.

Nem todas as mortes foram decorrentes de infecções pelo novo coronavírus. Mas o rápido crescimento dos óbitos fez com que as autoridades não conseguissem confirmar o número de vítimas pela covid-19.

Desde o dia 21 de março, o Equador vive toque de recolher das 19h às 5h. No entanto, em Guayaquil, epicentro da doença no país, com 70% dos casos, o recolhimento obrigatório das pessoas começa às 16h.

Força-tarefa

De acordo com Jorge Wated, representante do governo para a crise do coronavírus, foi criada uma força-tarefa com militares e policiais para atender à demanda e retirar os corpos das casas.

"O mundo não estava preparado para isso. Diante dessa situação, o presidente [Lenín Moreno] ordenou a criação dessa força conjunta para a remoção de corpos. Continuaremos a trabalhar incansavelmente, 24 horas por dia, sete dias por semana, para cuidar dos afetados", afirmou Wated, em coletiva ontem.

Segundo jornais locais, apenas 20 das 120 funerárias de Guayaquil estão funcionando. Além do medo do contágio pelos profissionais das funerárias, há escassez de caixões porque os artesãos não conseguem comprar madeira, tecidos e tintas, suprimentos necessários para fazer os caixões, por conta das restrições no comércio.

"Estamos trabalhando para que cada pessoa seja enterrada com dignidade e em espaços individuais", disse Wated, referindo-se a um cemitério administrado pelo governo com capacidade para abrigar cerca de 2 mil corpos. A fala do porta-voz desmente informação que circulou nas redes sociais equatorianas esta semana, de que o governo estaria pensando em enterrar os falecidos em uma vala comum.

Wated disse ainda que o Equador estima que haverá entre 2.500 e 3.500 mortos, apenas na província de Guayas, onde está situada a cidade de Guayaquil.