Trinta e uma prefeituras do Espírito Santo podem ter contratado professores que compraram diplomas. É o que apontam as investigações do Ministério Público Estadual (MPES), através das Operações Mestre Oculto, Estória e Viúva Negra.

 

 Desde que as apurações começaram, já foram identificadas mais de 4 mil suspeitos de participação na fraude. Indícios apontam ainda que o esquema funcione também em outros sete estados.

 

Os casos começaram a ser identificados em 2018, no município de Rio Bananal, Norte do Espírito Santo, e foram encaminhados ao MPES, que deu início às investigações.

 

Treze pessoas já foram presas no Espírito Santo, seis institutos de ensino foram fechados e funcionários de duas faculdades do Norte do Estado foram denunciados, mas a investigação encontrou ainda diplomas de faculdades do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Tocantins, Roraima e Amapá.

 

Como funcionava o esquema

 

Na sede de um instituto de ensino, no Norte do Espírito Santo, o Ministério Público apreendeu diplomas em branco assinados por diretores de faculdades e selos de autenticação dos documentos.

 

Para os promotores, são provas do esquema criminoso, que funciona da seguinte maneira:

 

"Pelo de pós-graduação, o instituto cobrava do aluno em torno de R$ 900 a R$ 1200 e passava para a faculdade em torno de R$ 250, R$ 350. O diploma de segunda graduação do magistério, os institutos cobravam de R$ 5 mil a R$ 6 mil e pagavam até R$ 2 mil para a faculdade", explicou o promotor de Justiça Adriani Ozório do Nascimento.

 

No esquema, aulas presenciais são registradas em instituições, mas os alunos não as frequentaram ou elas não existiram. Em um dos casos investigados, durante o período do curso o estudante inscrito estava na Alemanha, mas o registro era de que ele havia ido às aulas. Nesses casos, os diplomas ou certificados de conclusão foram comprados.

 

Segundo o MP, alguns institutos até organizavam aulas, mas não forneciam conhecimento necessário aos alunos.