Uma das cerca de 570 pessoas com mais de 100 anos de idade no Espírito Santo, segundo estimativas do jornalista, pesquisador e escritor José Caldas da Costa, a anciã Maria Cecília Marhcetto de Siqueira, que fez 104 anos no dia 10 de agosto deste ano, perdeu dois filhos para a Covid-19 em apenas 15 dias. 


Quando dona Maria Cecília Marchetto de Siqueira aniversariou, ela não sabia que Alvarez Marchetto de Siqueira, o seu mais velho, e Luiz Carlos Marchetto de Siqueira, o segundo mais novo, estavam internados em estado grave contaminados pelo novo coronavirus. Para ela, os filhos não a visitavam por causa do distanciamento social.


No dia 23 de agosto, duas semanas depois do aniversário da mãe centenária, Alvarez morreu num hospital de Cachoeiro. Nesta terça-feira (8 de setembro), à tarde, Luiz Carlos morreu na UTI do Hospital da Unimed, em Vitória.


Até então, Maria Cecília havia perdido dois dos sete filhos: Marquito, aos 37 anos, por suicídio, pai da professora Marluce Siqueira, que desenvolve na Ufes um projeto voltado para pessoas longevas, e Alvacy Siqueira, num acidente. Agora, foram-se, de uma só vez, Alvarez e Luiz Carlos, dois dos cinco filhos que ainda estavam vivos - Maria Cecília e Antônio Gomes Siqueira tiveram sete filhos naturais e ainda criou mais quatro meninas. 


Em agosto, Mariquinha Siqueira foi a segunda mulher a comemorar mais de cem anos na cidade de Guaçuí. No dia 4 de agosto, foi a vez de dona Flordelis Siqueira de Paula comemorar, lúcida e ativa, seus 107 anos de vida, sendo despertada por uma alvorada pela Lira Santa Cecília. Ela é a pessoa mais idosa da cidade. 


Dona Maria Cecília nasceu dois antes de explodir no mundo a pandemia da Gripe Espanhola, que dizimou milhões de pessoas no mundo entre 1918 e 1920, está, firme e forte, atravessando a segunda pandemia de sua vida, mas não sem sofrer as consequências da Covid-19, agora, com a perda dos dois filhos.