Encontrado em um condomínio de luxo em Sorocaba, no interior paulista, há pouco mais de um ano, Geraldo dos Santos Filho, de 48 anos, o pastor Júnior, ergueu um patrimônio avaliado em pelo menos R$ 6 milhões operando um esquema de lavagem dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC) por meio de igrejas evangélicas, segundo denúncia do Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN).

Geraldo (foto em destaque), que está preso desde então, é irmão de Valdeci Alves dos Santos, o Colorido, considerado um importante líder da facção criminosa nas ruas até ser detido em uma blitz da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no sertão pernambucano, em abril de 2022. Como mostrou o Metrópoles, Valdeci foi jurado de morte por Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, em meio ao racha histórico na cúpula do PCC. Ambos seguem encarcerados no sistema penitenciário federal.

Montagem colorida de pastor pregando, com bíblias de fundo, das quais saem notas de dinheiro, e foto de preso à direita - Metrópoles

Arte/Metrópoles

Foto colorida de viatura policial em frente a igreja Assembleia de Deus - Metrópoles

Igrejas evangélicas foram alvo de investigação do MPRN Divulgação/MPRN

Foto colorida de homem branco, sem barba, segurando na altura do peito número de matrícula de presídio - Metrópoles

Pastor Júnior em foto no sistema carcerário Reprodução

Montagem colorida de pastor pregando, com bíblias de fundo, das quais saem notas de dinheiro, e foto de preso à direita - Metrópoles

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Foto colorida de viatura policial em frente a igreja Assembleia de Deus - Metrópoles

Igrejas evangélicas foram alvo de investigação do MPRN Divulgação/MPRN

Naturais da pequena cidade potiguar de Jardim de Piranhas, Geraldo e Valdeci migraram para São Paulo no início da vida adulta, onde foram batizados na maior facção criminosa do país e enriqueceram ilegalmente. Os dois, porém, seguiram rumos diferentes no mundo do crime, segundo afirma o promotor Augusto Lima, do MPRN.

“O Valdeci [Colorido] ascendeu na hierarquia da facção e o Geraldo [pastor] acabou enveredando para o ramo das igrejas evangélicas, sem ocupar nenhum posto de liderança na organização criminosa.”

Geraldo adquiriu, segundo levantamento do MPRN, cinco igrejas no Rio Grande do Norte e duas em São Paulo, por meio das quais lavou dinheiro do PCC oriundo do tráfico de drogas.

Prisão, fuga e fé

Geraldo foi preso pela primeira vez em fevereiro de 2002, quando foi flagrado com 12 quilos de cocaína dentro do carro que dirigia na Rodovia Castelo Branco, na região de Barueri, na Grande São Paulo.

Registros do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) mostram que ele foi condenado a sete anos e seis meses de prisão em regime fechado, por tráfico de drogas. Cerca de um ano depois, quando a sentença foi publicada, em abril de 2003, ele fugiu. Em 2005, ainda foragido, sua pena foi aumentada para 11 anos e oito meses.

Até fevereiro de 2019, quando foi capturado pela segunda vez, Geraldo construiu um patrimônio milionário, usando “laranjas”, e lavando o dinheiro oriundo do tráfico de drogas adquirindo as igrejas evangélicas. A Promotoria estima, de forma conservadora, que o pastor tenha acumulado ao menos R$ 6,1 milhões no período.